Entrevista: Guy Picciotto Fugazi / Rites of Spring / One Last Wish / Happy Go Licky

In Bandas, Entrevistas

Certas pessoas transcendem os obstáculos que aparecem em suas próprias vidas e fazem de seus percursos verdadeiros atalhos para outros sujeitos. A inspiração artística delas chega a nós como motor de vida, e sem sabermos explicar, nos sentimos identificados, conectados e motivados. Mesmo à distância e em tempos diferentes. Guy Picciotto, de lá da Washington das décadas de 80, 90 e 2000, fez do Rites of Spring, One Last Wish e Fugazi seu canal de conexão com uma realidade que por vezes o deixava desconfortável. Usou a guitarra, as palavras e a voz para pertencer ao mundo. Nós, ouvintes dessas bandas, nos apropriamos de cada um desses recursos dele e nos relacionamos com situações de medo, fragilidade, raiva ou revolta.

A ponte entre ele e nós, os inspirados, foi construída sem que ele mesmo percebesse. Talvez Guy nem saiba enxergar a grandeza que nele exaltamos. E se o achávamos impulsivo e passional pelos vídeos e letras, com essa entrevista ele nos mostra uma mansidão e um comedimento inesperados. Diz que foi salvo pela música, teve a vida mudada por Cramps, Bad Brains e Minor Threat, fez road trip pra tentar se encontrar e vendeu abóboras no meio da estrada em pleno Halloween. Guy contou muitas enérgicas e furiosas histórias por linhas trêmulas e exasperadas das suas bandas. Agora, com calma, ele conta sua bela história de perserverança artística. E a gente aqui no Sounds Like Us explode de emoção com cada trechinho dessa narrativa admirável do homem comum que torna a música um lugar muito especial para se refugiar e amadurecer.

Sounds Like Us: Quais são as raízes da sua expressão lírica? Você aprecia literatura, costumava escrever quando criança, quis fazer das letras uma carreira ou algo assim?
Guy Picciotto:
Eu nunca escrevi poesias ou histórias quando era mais novo, a não ser quando era forçado, como na escola ou algo do tipo. O que eu gostava muito era de ler, sempre, e lia compulsivamente, na cama, na mesa, escovando os dentes, em ônibus, em todos os lugares. Quando eu era criança eu provavelmente usei os livros como uma tentativa de me ausentar das coisas – muitas vezes nem sequer retendo aquilo que eu lia, mas estava tentando me perder no processo de pensamento de alguma outra pessoa, na língua de alguém que não fosse eu.
Na escola, às vezes eu gostava de escrever, embora eu sempre tenha sido um pouco preguiçoso e usado apenas uma parcela rasa da minha inteligência – fazendo só o que dava pro gasto, como costumamos dizer. Desde que entrei em bandas, isso mudou. No começo eu estava em uma banda (Insurrection) em que só tocava guitarra, mas comecei a compor algumas das músicas e, mais tarde, senti mais ideias surgindo e achei que deveria tentar cantá-las. E foi o que aconteceu quando nós formamos o Rites of Spring. No começo eu não tinha ideia do que significava cantar, mas as letras meio que me colocavam na posição de querer ser a voz por trás do que eu estava escrevendo, então eu só fiz, sem pensar se era bom ou não.

Sounds: O que o fato de passar suas letras para o mundo exterior, ou seja, cantá-las, revelou sobre si mesmo e sobre o que pensava do mundo? Perguntamos isso porque alguns pensamentos só costumam ser reconhecidos quando os dizemos em voz alta.
Guy: Não há dúvida de que muitas vezes existe uma espécie de aspecto “de onde diabos veio isso?” relacionado a letras de música. Eu quase sempre escrevi as letras depois da música já composta. Com a música já no lugar, isso basicamente determina o espaço e a métrica para as palavras. Esse jeito de trabalhar arranca coisas de você que não vêm necessariamente de um local determinado – a música vai conduzindo isso e seu cérebro meio que entra num estado receptivo diferente. Muitas vezes, é muito estranho ouvir o que sai.

Sounds: Como foi sua infância e adolescência? Sentia-se confortável nessa época?
Guy:
Foi um período bem complicado – algumas coisas positivas, algumas coisas bem difíceis. Dependendo das circunstâncias, eu meio que entrava e saía de uma sensação de conforto ou de foco. Acho que, quando eu tinha cerca de 14 ou 15 anos e me agarrei ao underground em DC, as coisas se solidificaram para mim e eu senti como se estivesse no lugar certo.

Sounds: E como a música e a guitarra entraram na sua vida?
Guy:
Não havia muita música na minha família. Ninguém tocava instrumentos ou cantava, embora meus pais tinham alguns discos de vinil que eu realmente gostava e que permanecem muito fortes na minha memória: um pouco do Neil Diamond, alguns discos do Roger Miller, um álbum das Supremes, alguns da Joan Baez, um do Bob Dylan, alguns álbuns clássicos – uma coleção bastante aleatória. Mas eles também tinham dois álbuns dos Beatles, Something New e Sgt. Pepper. O Something New reverberou bastante em mim e logo fiz um amigo na escola cujos pais eram do Reino Unido e tinham muito mais coisas dos Beatles. Portanto, circular naquela casa e ouvir aquela música se tornou algo grandioso pra mim. Como as crianças fazem, imitávamos os Beatles usando raquetes de tênis como guitarras e isso era muito intenso. Eu estava realmente obcecado por eles. Os Beatles foram uma inspiração porque abrangeram tantos sons, tantas atitudes, tantas abordagens diferentes que te desestabilizavam constantemente. Isso criou um campo muito profundo para investigar e tentar entender.

Na época dos meus 11 ou 12 anos, pedi aos meus pais uma guitarra e ganhei uma Aria acústica de aniversário que eu ainda tenho e uso para compor. Aprendi alguns acordes abertos básicos com uma mulher na escola que me deu os caminhos para músicas como “Jet Plane” e “Proud Mary”, e aí foi o começo de tudo. Aos 13 anos comecei a ouvir falar de bandas punk e vi bandas como o Cramps, The Clash, The Ramones e Patti Smith Group bem novo, o que me balançou de verdade. Quando as crianças um pouco mais velhas de DC começaram a formar bandas como The Bad Brains e Teen Idles, pareceu mais que algo possível para mim. Foi imperativo.

Guy: Essa foto é de 1992, da era Fugazi. Esse é o meu Mercury Comet 1962, que eu dirigia na época. No carro branco atrás de mim vocês podem ver o Steve Kroner, do Nation Of Ulysses.

Sounds: Que bandas você viu ao vivo e que te inspiraram a viver de música, ou fazer algo com música?
Guy:
É difícil destacar momentos isolados do que realmente foi uma onda maciça de impressões que bateram em mim de uma só vez. Mas se eu tivesse que escolher, pegaria três eventos que realmente me impulsionaram. Primeiro foi ver os Cramps em 1979. Eu tinha visto alguns shows grandes de rock como do AC/DC e do Kiss, mas o do Cramps foi o primeiro show pequeno de punk que eu vi, com a banda bem na sua frente e uma sensação intensa de caos e perigo. Bem no início do show, o Lux Interior vomitou por todo o palco e a noite terminou com a multidão quebrando todas as janelas com cadeiras. Eu fiquei em uma combinação de choque e admiração total e a ideia que eu tinha do tipo de energia que poderia explodir em um show foi totalmente rearranjada.

O segundo grande evento foi um ensaio do Minor Threat depois da escola, quando eu tinha 15 anos. Dois dos caras do Minor Threat (Lyle e Brian) eram da minha escola, então eu colei com eles no ensaio. Eles estavam trabalhando no arranjo da música “Screaming at a Wall”. Eu tinha criado algumas bandas de um show só, que eram basicamente ruído, sem muita intenção de ir além, mas a seriedade com que o Minor Threat levava sua música mudou totalmente a minha perspectiva sobre o que era possível. Só porque éramos jovens não significava que algo real e pesado não pudesse estar acontecendo – bastava dedicação e foco de verdade. Aquele ensaio me marcou muito e mostrou meu desejo de fazer algo naquele sentido.

A terceira coisa é provavelmente a mesma para todos de DC que puderam ver o Bad Brains tocar. Sem dúvida eu já os achava a melhor banda de todo o país no início dos anos 80, e vê-los tocar foi extremamente motivacional. Seus shows eram como revivals religiosos – faziam você se sentir preenchido com alguma versão punk rock do Espírito Santo – uma espécie de carbonatação de corpo inteiro. Não existiu nada como dançar em um show do Bad Brains. Me ensinou a sempre tentar dar 100% de mim a cada show.

Guy: Essa é a foto do livro do ano da minha escola na época do Insurrection, em 1983. O Black Flag tinha ficado barbudo, então eu comecei a cultivar minha barba.

Sounds: Como foi formar o Insurrection? Tinha quantos anos? Quanto tempo a banda durou?
Guy: O Insurrection foi formado quando eu tinha cerca de 16 anos. Basicamente saiu da banda Deadline, que foi uma das primeiras da Dischord. Brendan [Canty] era o baterista e alguns dos outros membros moravam no meu bairro. Eu adorei esse grupo e o Mike Fellows (o baixista do Insurrection e do Rites of Spring) e eu costumávamos nos encontrar nos ensaios deles, o tempo todo. Quando eles se separaram, em 82, Mike e eu decidimos formar uma nova banda com Brendan e Terry, que tinha sido o baixista no Deadline. Terry passou do baixo para o vocal da Insurrection – ele soava um pouco como Lemmy do Motörhead, de que todos nós gostamos. A banda soou como uma espécie de cruzamento entre Motörhead e Discharge. Fizemos um monte de shows locais e uns fora da cidade, mas a banda nunca se encaixou perfeiramente. Nós tentamos fazer uma gravação para a Dischord Records, mas nunca foi terminada – apenas fizemos as faixas básicas, sem terminar os vocais ou a mix. A banda durou até julho de 83. Não muito tempo depois, a banda que se tornaria o Rites of Spring começou a ensaiar.

Sounds: É verdade que você não costumava cantar nos ensaios do Rites of Spring para poupar a voz para os shows e gravações?
Guy:
É verdade que eu não cantava muito nos ensaios, mas não era realmente para poupar minha voz – era mais porque eu estava com vergonha e constrangido. Eu meio que balbuciava no microfone apenas para me certificar de que as palavras se encaixavam. Fomos para o estúdio antes mesmo de fazer o primeiro show, então foi a primeira vez que todos nós realmente ouvimos os vocais que saíam dos microfones. Essa sessão é o que virou a First Demo que nós lançamos pela Dischord Records há alguns anos. Estar no palco foi mais fácil porque como eu estava tomado por adrenalina e energia, eu não pensava o suficiente para me preocupar muito com a minha voz.

Sounds: Quais são suas lembranças do show do Rites no 9:30, fechando o Revolution Summer? Aquilo pareceu histórico.
Guy:
O Rites of Spring tocou por volta de 20 shows e minha lembrança é que cada show, exceto esse último, foi realmente muito bom. Nós estávamos ensaiando e formulando a banda por quase um ano antes de tocarmos ao vivo, então, quando fomos fazer os shows, estavávamos prontos para explodir. Tinha uma camaradagem muito forte entre nós quatro, então os shows pareciam continuação de quando passávamos o tempo juntos. A gente tocava de maneira realmente imprudente e tinha muita trombada e instrumentos quebrados – nós sempre tocávamos cada show com o máximo de energia possível. A banda meio que era sobre esse tipo de liberação.

Sounds: As letras do One Last Wish têm uma grande carga emocional convocatória, no sentido de as pessoas se implicarem mais nos próprios atos e tomarem posição no mundo. É uma responsabilização necessária. Como você estava quando as escreveu e o que pretendia com a banda?
Guy:
O One Last Wish foi formado logo depois que o Rites of Spring se separou e acho que a banda sofreu um pouco por conta disso. Estávamos todos muito deprimidos depois que o Rites of Spring parou de tocar, então queríamos começar uma nova banda o quanto antes. Nos juntamos com o Mike Hampton, que era um grande guitarrista e um dos meus amigos mais antigos, mas o problema foi que tivemos muitos guitarristas e ninguém realmente queria tocar baixo. Eu tentei fazer isso, mas eu não conseguia cantar e manter bem o tempo no baixo; então sobrou para o Eddie fazê-lo, o que nunca foi uma solução perfeita já que ele também deveria ter sido guitarrista. Olhando para trás e pensando nas músicas, agora eu acho que o disco é muito forte, mas na época, acho que nós estávamos debaixo de uma névoa e não conseguiríamos apreciá-lo tanto. Em termos de letras – eu estava na faculdade na época e ficando cada vez mais politizado, e aquilos começou a aparecer mais nas letras.

Guy: Essa foto é do One Last Wish. Estamos sentados no jardim do Inner Ear Studios original, em uma mesa de piquenique, descansando enquanto gravávamos o que se tornaria o álbum 1986.

Sounds: Lemos que você fez uma road trip pelos EUA antes de entrar no Fugazi. Por onde passou e como foi a experiência?
Guy: Eu tinha acabado de fazer 22 anos e um monte de coisas estava fluindo em mim — eu tinha saído da escola, perdi a casa em que eu estava morando, o Happy Go Licky estava desmanchando e o Brendan tinha começado a tocar com o Ian [MacKaye] e o Joe [Lally] no Fugazi. Eu apenas senti que as coisas basicamente tinham acabado para mim em termos de fazer outra banda – eu tinha perdido a sensação que me impulsionava e estava bem pra baixo.

Na verdade eu não tinha nenhuma ideia do que estava fazendo, mas sabia que três meninas estavam em uma viagem ao redor do EUA, então eu apenas disse a elas que iria encontrá-las no Dia das Bruxas (31 de outubro de 1987), na primeira Pizza Hut que vi na lista telefônica de Amarillo, que é uma pequena cidade no Texas. Foi uma escolha aleatória. Como isso foi antes do tempo dos telefones celulares ou do e-mail, não tinha nenhum jeito de nos comunicarmos, então eu não tinha certeza se o encontro iria realmente acontecer ou não, já que elas estavam na estrada por pelo menos um mês ou mais antes de eu viajar. Simplesmente coloquei todas as minhas coisas em uma mochila e peguei um ônibus que levou quatro dias para chegar no Texas. Cheguei no Texas no dia 30 de outubro e tinha o dia livre, então eu consegui um trabalho de vendedor de abóboras na beira da estrada com um cara que conheci e dormi na tenda dele. A noite seguinte era e Halloween, então peguei a lista telefônica e procurei a primeira Pizza Hut listada lá. Andei um pouco por uma estrada e encontrei a pizzaria.

Fiquei completamente chocado quando vi que minhas amigas realmente apareceram na Pizza Hut naquela tarde – eu estava tão feliz e aliviado. Acabamos tendo algumas grandes aventuras por lá: o pequeno carro que elas estavam usando quebrou no primeiro dia, então nós compramos um Cadillac usado e acabamos colidindo com a traseira do carro que tínhamos acabado de consertar. Então, tivemos que abandonar esse veículo e simplesmente fomos com o Cadillac para o sul, para lugares como Nashville e Memphis. Foi uma experiência ótima, mas quando voltei pra casa, eu estava basicamente na mesma situação de quando fui embora – meio confuso e sem ideia do que diabos eu estava fazendo.

Guy: Essa daqui é uma foto da era 2002 do Fugazi.

Sounds: Como foi sua entrada no Fugazi? Pelo que lemos em entrevistas, você teria chegado a pensar que a banda já estivesse completa com Ian, Joe e Brendan. Pra gente, isso é impensável, haha.
Guy:
Eu vinha de uma sucessão de bandas desde que tinha 16 anos: Insurrection, depois Rites of Spring, One Last Wish, Happy Go Licky – cada uma só durou um curto período de tempo e depois de todo esse trabalho, todas aquelas músicas evaporaram. Foi muito desanimador ver todo aquele trabalho evaporar. Brendan e eu tínhamos estado em todos elas; então, quando ele começou a tocar com o Fugazi, pensei “é isso”. Eles já tinham composto um monte de músicas e, pra mim, eles pareciam realmente completos sonoramente e como uma unidade. Mesmo assim eles ainda estavam abertos quanto a eu tocar com eles, então fui para um ensaio ou dois, mas foi estranho porque eu não consegui imaginar qual seria o meu papel na banda – eu não conseguia ouvir qualquer abertura musical para mim no que eles estavam fazendo. Mas eu estava tão perdido que meio que me forcei a tentar… primeiro em uma espécie de papel auxiliar, como backing vocal, o que foi muito estranho na época. Flavor Flav, do Public Enemy, foi talvez uma idéia comparável, mas ainda era estranho. Demorou para eu me sentir confortável na banda ou na minha própria cabeça. Quando saímos em turnê, eu comecei a assumir um lugar para mim, e quando comecei a tocar guitarra e compor com a banda, senti que “ok, estou dentro”. Foi virando um foco meu.

Sounds: A postura que vocês adotaram no Fugazi mostrou que era possível questionar o status quo e criar uma economia e convivência baseadas em outros princípios. E o que você acha ser possível fazer hoje em dia nesse sentido?
Guy:
Eu não acho que as coisas tenham mudado realmente. A abordagem básica da banda ainda faz todo o sentido para mim – não no sentido de que todas as bandas devem fazê-lo como nós fizemos, mas sim que cada grupo tem o poder de fazer suas próprias regras com base em suas próprias circunstâncias e desejos. O ponto principal é que você não tem que seguir qualquer outra pessoa, mas sim criar sua própria estrada.

Sounds: Você respondia a cartas de fãs. Já vivenciou isso com seus artistas que você gostava? Se sim, quem eram e como foi?
Guy:
Sim – nós sempre tivemos uma ética de responder a todo mundo que entrava em contato simplesmente por uma questão de respeito e agradecimento pelo interesse. Quando eu era muito jovem eu escrevi para bandas do Reino Unido como Rudimentary Peni e Nick Blinko nos escreveu de volta com uma arte feita a mão hiperdetalhada, que nos deixou boquiabertos.

Sounds: Qual é o status do Fugazi hoje? Você sente falta da banda?
Guy:
Há uma grande amizade no coração da banda, bem como um grande respeito pelo trabalho que fizemos juntos. A gente simplesmente chegou a um ponto em que precisávamos fazer uma pausa por motivos pessoais, e uma vez que paramos, ficou muito difícil recomeçar, já que o resto da vida se apressou em preencher o vácuo da banda. Acho que todos nós temos uma saudade imensa e sempre que temos uma chance de nos encontrarmos, mesmo que apenas para um jantar, é legal pra caralho!

Sounds: Guy, agradecemos imensamente por essa entrevista. Esperamos que você esteja bem e que retorne ao Brasil assim que puder.
Guy: Viajar pelo Brasil com o Fugazi foi uma das melhores experiências da minha vida. Eu realmente espero voltar um dia.