Ulisses Freitas (Choldra) Que música tocou tanto, tanto, tanto, e ainda assim não esgotou seus ouvidos?

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Vamos falar de hits? Daqueles que tocam tanto, tanto, tanto que, mesmo assim, quando você ouve tem vontade de sair correndo, gritar, dançar e sente aquele aperto no peito que a gente aqui costuma chamar de necessidade de viver. A música tem dessas. Causa dor, cura a mesma, oferece apoio e pede o seu de vez em quando. Arranca sorrisos na mesma proporção que legenda nossa vida por meio de lágrimas, sejam de tristeza, saudade ou alegria.

Os hits fazem parte desse universo cheio de possibilidades e dessa vez a gente convidou o Ulisses Freitas, vocalista do Choldra e que, lá nos anos 90, a gente viu e se trombou por poucas vezes pelos pequenos palcos do underground, cantando e tocando no Dusted. Além do metal, ele foi além e também circula confortável na cultura hip hop. Ulisses sempre teve seu complemento criativo na rima que o levou a dividir os palcos com nomes como Rappin Hood, Kamau, Rashid e Záfrica Brasil, além de ter gravado com DJ Nato, Enezimo e MC Cotur, da Venezuela.

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O leque é grande e então resolvemos perguntar pra ele: qual foi o hit que tocou tanto, tanto, tanto e ainda assim não esgotou seus ouvidos? A resposta veio de um graaaaande hit dos anos 80 de um cara que deveria ter sucesso gravado em seu sobrenome. Bom, mas agora vamos deixar que o Ulisses conte qual é o hit que ainda o emociona sempre que escuta.

CholdraComeço dos anos 80, eu tinhas uns 3 anos de idade e a primeira música que eu cantei foi “De do do do, de da da da” do The Police. Tinha uma versão pra lá de brega tocada pelo The Fevers aqui no Brasil que dizia “de do do do de da da da, fico gago, sem poder falar”. Lógico que eu cantava essa última; afinal, entendia melhor.

Na mesma época tocava uma outra música, do Eddy Grant, que eu amo até hoje, “I Don’t Wanna Dance”. Essa eu cantava em um inglês que não existe mesmo e acho que ainda canto dessa forma. Na época, meu pai me deu uma guitarrinha de plástico, fez um pedestal que hoje bate no meu joelho e meu microfone era um pilão pra fazer caipirinha. Assim eu ficava em frente à TV dublando as músicas que tocavam enquanto as emissoras estavam fora do ar. Quem foi criança nessa década sabe do que eu tô falando.

Mas tenho “Billie Jean”, do Michael Jackson, como hit imbatível, ou melhor, infalível. Tem uma chave no meu cérebro que, quando essa música toca, meu humor melhora na hora. Pode tocar no velório que pelo menos o pé eu vou bater no chão.

Cada década teve hits que me marcaram muito, como nos anos 90,  em que “Breaking the Girl”, do Red Hot Chilli Peppers, fazia eu ligar na MTV pedindo pro clipe entrar no Disk MTV, e “1979”, do Smashing Pumpkins, que é quase um hino dos adolescentes dessa época.

Nos anos 2000, “Change (In the House of Flies)”, do Deftones, não foi um grande hit pop, mas no meio em que eu vivia era famosíssima e parecia entregar pra aquele moleque de 20 anos tudo o que ele sentia e sonhava na vida com uma música.

Hoje em dia, nos 2010, a música anda mais descartável mas não menos importante, porém quanto à um hit, fico com Gangnam Style. É sério. Acho essa música incrível!

Quando se trata de falar de música, meu assunto preferido, sempre faço o exercício de me livrar de qualquer amarra que possa me prender de alguma forma. Sempre tive em mente que já somos presos à um sistema de sociedade dificílimo de nos livrar e ao menos na música e na arte temos a oportunidade da liberdade.

Uma vez, o Lews Barbosa, do Potencial 3, me disse “mano, tem gente que deve achar que você tá em cima do muro por transitar entre vários estilos, mas na verdade isso é não existir muro, é estar livre”. Apesar de eu sempre ter tido isso em mente, aquilo traduziu meu lifestyle e desde então tenho isso como lema.

Comparando os meus hits preferidos através das décadas, não tenho dúvidas de que o meu número um ainda é “Billie Jean”, do Michael Jackson.

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