Show: Quicksand Teragram Ballroom - Los Angeles - 9 de setembro de 2017

In Bandas, Shows

Foto: Sounds Like Us

E de repente, numa velocidade fulgaz, 2017 se transformou em 1996. Algumas centenas de recordações ganharam contorno e, de forma intensa, nossos sonhos esculpidos de expectativa viraram realidade.

No Teragram Ballroom, casa de shows localizada no centro de Los Angeles, os primeiros acordes de “Fazer” reverberaram, em cada milímetro, a emoção que andava quieta devido às saudades que o Quicksand provocou nos corações órfãos da integridade com que Walter Schreifels, Sergio Vega, Alan Cage e Tom Capone lidam com sua música.

Entrada do Teragram Ballroom. Foto: Sounds Like Us
Entrada do Teragram Ballroom. Foto: SOUNDS LIKE US

Com muito peso, qualidade e uma entrega já esperada, o Quicksand impregnou uma sensação de plenitude em cada um dos presentes no Teragram de ingressos esgotados.

Não costumamos fazer resenhas de shows, é verdade. Mas ao final não teve como. Bateu uma necessidade enorme registrar e compartilhar cada uma das sensações que tomaram conta do Teragram na noite passada.

Tom Capone e Walter Schreifels. Foto: Sounds Like Us
Tom Capone e Walter Schreifels. Foto: SOUNDS LIKE US

A segunda música, “Too Official” foi a surpresa da noite. Funcionou e pavimentou o caminho para a força de “Head To Wall” que trouxe de volta o vocal mais emocional de Walter, gritante e cheio de brilho no olhar enquanto abusava de sua voz rebuscando o timbre da versão original registrada em Slip. Na sequência “Unfilfilled” abraçou todo o Teragram. Numa comunhão calorosa, o público cantou alto, exigindo mais ainda dos vocais de Walter.

Era chegado o momento de “Freezing Process” e, como diria o Reverendo Massari, uma das prediletas da casa. Nela, assim como em boa parte do show, Capone foi destaque. Um multi guitarrista. Um multi alguma coisa que ocupa o palco e cria ruídos quase como quem organiza um universo paralelo. Seguro, jogou a guitarra, pulou e deixou claro que ali a emoção falou mais forte que o volume da casa – que poderia ser um pouco mais alto, é verdade. Foi também a confirmação de Walter como um dos maiores vocalistas de sua geração. Uma voz que não parou no tempo e fez da força registrada nos dois clássicos dos anos 90 uma nova expressão melódica, tão potente quanto antes.

Walter Schreifels e Sergio Vega. Foto: Sounds Like Us
Walter Schreifels e Sergio Vega. Foto: SOUNDS LIKE US

Além do ótimo single “Iluminant”, do novo disco que está prestes a ser lançado, Interiors, eles ainda tocaram outras quatro músicas novas: “Lie and Wait”, “Interiors”, “Hyperion”, “Under the Screw”. Mais melodiosas, todas ganharam corpo e peso com as linhas de baixo de Sergio, que a cada grave reafirmava um dos principais temperos do Quicksand.

Ainda teve “Brown Gargantuan”, “Thorn in My Side”, “Skinny”, “Delusional” e a maravilhosa “Landmine Spring” – aí nossa garganta pifou depois dos gritos: Did not expect this shit at all, to go through this again. Um reencontro com cada momento de todos os anos em que essa música fez parte do nosso dia a dia.

Tom Capone e Alan Cage. Foto: Sounds Like Us
Tom Capone e Alan Cage. Foto: SOUNDS LIKE US

O que havia naquele palco, e fora dele, era amor. Entre banda, plateia e a música comungada por todos ali. Alan sorria. Capone explodia. Sergio agitava muito e Walter cantava com veracidade e dançava, equalizando uma certa leveza com o peso que vinha dos PAs.

É, não era 1996. No dia 9 de setembro de 2017, no Teragram Ballroom, teve lágrima, brinde, saudades, amor, realização, reconhecimento, projeção. Um sonho que a gente sempre sonhou e que na verdade sempre existiu. Teve um monte de coisa que cabe em um só nome: Quicksand.

Foto: SOUNDS LIKE US
Set list gentilmente cedido para a foto por dois fãs