Em um desses dias quentes de SP, uns anos atrás, dentro da famosa Kombi e voltando sei lá de onde, João, vocalista e guitarrista do duo TEST, falava sobre a ideia de montar uma banda que fosse uma espécie de homenagem às bandas brasileiras de death/thrash metal dos anos 80. As bandas de que ele gostava.

E o TEST se transformou em uma das bandas mais genuínas da música. No intervalo entre sua formação e os dias de hoje, eles criaram uma linha do tempo concisa, original e fiel dentro da sua proposta.

Tocar na rua, shows dentro de uma Kombi, ser um duo (guitarra e bateria) e outras peripécias chamaram sempre muita atenção de uma galera que coloca o rótulo antes da música. Mas é importante dizer que tocar na rua é um jeito de não esperar que o público vá até você. “Porque público tem. A gente vai onde o público tá”. Fazer um show dentro de uma Kombi é não depender de casas de show que abrem as portas quase sempre para a mesma panela.

A banda solta agora seu sétimo lançamento e “Filho de Caim” é a faixa, mixada por Carlos Issa (Auto), que eles escolheram como música de trabalho. Como isso não é uma resenha, não vamos encher sua cabeça com adjetivos, mas ela resume um pouco o clima do disco que vem por aí.

O TEST sempre surpreende porque eles sabem muito bem a qual espécie pertencem e o disco novo vem reforçar essa afirmação. E a espécie aqui vive longe da zona de conforto e se importa com quem está interessado, antes de tudo, na música. “É um disco pra filtrar, não pra somar. Como queremos atrair quem curte a banda pela música, tem coisas que eu nunca pensei usar no Test”, diz João.

A propósito, o novo disco chama-se Espécies. Acho que isso deixa as coisas bem claras.