Os discos mais legais de 2016 Invertemos os papéis (de novo) e comentamos os favoritos um do outro

In Discos, Especiais

02bMais um ano acaba e com ele carregamos para a vida alguns dos discos mais legais que ouvimos. Em 2016, temos de novo a sensação de ter perdido muitos álbuns bons e com os quais ainda vamos trombar, mas como tudo nessa vida tem um limite, fechamos uma listinha com os 22 discos mais legais deste ano – segundo nossa opinião, claro, sem qualquer pretensão de julgá-los criticamente como os melhores.

Para manter a nossa tradição, invertemos de novo os papéis porque dividir discos, comentários impressões é parte da razão pela qual criamos o Sounds Like Us, e é bem divertido poder ver o efeito que cada álbum cria no outro. Sem mais conversa fiada, aqui vão nossos escolhidos!

 

Os discos mais legais de 2016 do Vina descritos pela Amanda:

NEUROSIS Fire Within Fires
neurosis_final2Eu nunca sei o que escrever sobre o Neurosis. É como se nenhuma gramática fosse o suficiente para transpor o som deles em palavras. De fato, eles fizeram um dos shows mais impressionantes que já vi na vida, e a lembrança que tenho é de ter ouvido a sonorização da fundação de um edifício, com o máximo de peso e o máximo de entrega. “At the Well”, música de 2012, é do tipo demolidora, e fico querendo encontrar multiplicações dela no Fire Within Fires, o que, obviamente, não vai acontecer. Tive uma sensação de menos peso catártico e menos beleza neste disco, mas posso estar falando uma bobeira grande. Mas há a grande certeza de que eles não se conformam com uma fórmula, e isso é bem grandioso.

TRAITRSRites and Ritual
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O Traitrs foi uma feliz descoberta do Vina. Se bem que a palavra feliz não é muito apropriada pro som que esse duo canadense faz. Rites and Ritual, o álbum de estreia, é obscuro, trágico, até meio ressentido em suas melodias melancólicas. É o melhor da tradição pós-punk do fim dos anos 80, mas com tons atualizados para catástrofes emocionais do nosso tempo. É dançante em momentos como “Burnt Offerings” e “Gallows Hill”, e um flerte próximo com o fim do mundo na sensacional “Herectic”. Robert Smith acenaria em aprovação, lagriminha de emoção borrando o rímel.

MINOR VICTORIES – Minor Victories
minor_finalCostumo ter um pouco de preguiça de supergrupos e acabei deixando o Minor Victories passar batido. Mas certo dia o Vina estava ouvindo e não deu pra ficar alheia à diversidade de climas e ambiências típicas do shoegaze dos anos 90. Tem riffs dissonantes, tem minimalismo e tem a maciez da voz de Rachel Goswell, do Slowdive. É um disco bonito por sua introspeção dosada e densidade, sem ser chato ou ensimesmado – vide “Cogs”. “Folk Arp” é das melhores canções do ano e representa o quanto um supergrupo anula sua própria condição ao aceitar o desafio de cativar o ouvinte do zero, ou seja, sem jogo ganho. Não há fórmulas prontas, mas sim, composições que trazem um pouco de cada integrante.

DEFTONESGore
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Quando o nu metal explodiu, lá na segunda metade da década de 90, o Deftones aparecia como um de seus representantes. Essa “localização” da banda em um gênero com tanta torcida de nariz fez com que muitos se rendessem ao preconceito e não acompanhassem o talento desses californianos ao longo dos anos. Uma pena. Gore confirma essa injustiça, e foi bonito ver a felicidade do Vina com esse disco. Houve trancos e barrancos, mas nunca houve desistência por parte do Deftones. Gore traz a expertise da banda com o loud quiet loud e assume um ambiente tão dramático quanto opressor. O drama vem das guitarras e a empatia parece vir pelas melodias largamente inspiradas no pop dos anos 80 –  tente passar neutro(a) por “Rubicon”. O Deftones tem uma característica muito importante em termos de emoção musical, que é despertar em você aquele desconforto de elefante branco na sala, de nomear aquilo que não pode ser falado. Que bom que Gore esteja aí sacudindo nosso sossego.

SAVAGESAdore Life
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Ter um disco chamado Adore Life em um ano como 2016 parece até teimosia existencialista. Mas é o que propõem as meninas do Savages, em uma incursão bem mais expansiva e dinâmica do que o post punk evasivo da estreia delas, em 2013. Adore Life é dançante e convocatório, com repetições líricas que chegam como mantras – não para acalmar, mas sim para movimentar, como em “Evil” e “Adore”. O baixo continua duelando em pé de igualdade com a guitarra, ambos altos e proeminentes, e esse balé sonoro é muito bonito. “Adore” coroa a versatilidade da voz de Jenny Beth e traz a apoteose necessária para um dos crescendos mais darks deste tumultuadíssimo 2016.

BANKS & STEELZAnything but Words
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“Giant”, a primeira música, me pegou de cara: junta o atrevimento e a pulsão de vida do hip hop com uma melodia afiada, daquelas que você cantarola no segundo refrão. Peraí, é isso mesmo, é o Paul Banks, do Interpol, com o RZA, do Wu-Tang Clan? Misturaram lé com cré e não é que ficou bom demais da conta? As rimas do RZA aparecem claras e incisivas sobre uma cama ora soft rock, ora electro rock, ora gangsta ride (pensa naquela vibe boa da “Today is a Good Day”, do Ice Cube).  Banks não se atreve a fazer flows, mas dá a emoção necessária aos seus enunciados. A rouquidão afinada de Florence Welch faz de “Wild Season” um drama bonito e abre a porteira da melancolia para a bela “Anything but Words”. I write songs for fun not for salary, sentencia RZA. Sábias palavras de quem acatou a experiência da vida como aprendizado.

NAÐRAAllir vegir til glötunar
nadra_finalÉ chegado o momento de eu resenhar mais um exemplar impronunciável da vasta criatividade nórdica do black metal e não fazer ideia do que o vocalista canta com tanto sofrimento e urgência (uma sofrência?). Mas a capa não parece muito feliz não, então acho que ele tá fazendo uma retrospectiva dos fatos revoltantes de 2016 e tá difícil ser otimista com 2017. Ao mesmo tempo, parece um disco capaz de unir povos: o povo do black metal com o povo do heavy metal, porque o que se ouve é uma conciliação sonora nos riffs. Me lembrou também o death metal fantasia do Amorphis, mas é bem capaz de as atrocidades que tô escrevendo aqui despertarem ainda mais a ira do vocalista. E vocês aí achando que a Islândia era fofinha!

VOID OMNIADying Light
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Emendei o Naðra com o Void Omnia e a sensação de pressa adoidada se prolongou por outros tantos minutos, com a diferença de que no Void Omnia parece ter dois vocalistas – um que dá a notícia, de um jeito mais agudo e atrevido, e o outro que fica putíssimo com a notícia dada e solta uns guturais de revolta. O Vina depois me contou que é tudo uma pessoa só e fiquei feliz com as possibilidades versáteis de eu lírico no black metal. Neste disco os riffs são menos heavy metal, mas tem horas que lembram o Iron Maiden. Parece trilha sonora do fim do mundo, e acho que o Vina vai ficar bem feliz de saber que nem bancos nem marcas de carro vão usar esse disco em uma propaganda, mantendo esse caos sonoro longe da banalização.

SUN WORSHIPPale Dawn
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Esses alemães se dizem adoradores do Sol, mas parecem curtir mesmo é uma noitada sombria e caótica, daquelas que te fazem perder esperança e se conformar com um apocalipse zumbi. Pale Dawn traz um black metal contemplativo e doloroso, com acordes que evocam renúncia e sacrifício. Aí, quando você já está sufocada com tanto pessimismo, vem um crescendo bem bonito e com ele todo aquele mantra de “tente outra vez”. Esse tanto de sentimento vem nos 9 minutos da primeira música, “Pale Dawn”. As faixas – são 4 no total – são bem generosas em tempos e climas, com direito a algumas hipnoses e momentos catárticos.

DARKTHRONEArctic Thunderdarkthrone_finalEssa dupla é fera mesmo, diria o Faustão. Porque tudo no Arctic Thunder soa tosco, simples e beeem rústico, e em nenhum momento o resultado é sem graça. Tem uma pegada Motorhead em alguns momentos de velocidade, e uns riffs trabalhados que grudam na cabeça. Tem até uns dedilhados acompanhados de prato criando um suspense. As dinâmicas de tempo são variadas e fogem das batidas aceleradas às vezes interpretadas como clichê no black metal. Parece que de tão interessado em fazer o som que eles gostam, sem ter de corresponder a um público, o Darkthrone acaba sempre oferecendo criatividade.

Os discos mais legais de 2016 da Amanda descritos pela Vina:

CHILD BITE – Negative Noise
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A produção de Negative Noise fica em nome da banda e de um cara bem conhecido pelo povo do metal: Philip H. Anselmo. O vocal do Pantera, Down, Superjoint Ritual e alguns outros projetos. O que isso influencia no som da banda? Nada. O Child Bite parece bem seguro de suas características nesse disco. A Amanda gosta faz tempo desses caras. Mas pra mim esse disco soa como um Clutch mais frenético e desengonçado, no bom sentido. Talvez o timbre do vocal encaminha um pouco nossas impressões para essa analogia, mas ouvindo você vai perceber, eles têm uma cara própria e isso é bem legal.

THE WEDDING PRESENTGoing, Going…
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Se uma batalha de vikings fosse disputada num campo de batalha forrado de girassóis seria perfeitamente compreensível ter o The Wedding Present como trilha sonora. Mas isso só até a quarta faixa. A partir de “Two Bridges” isso se dissolve e o disco evolui. Going, Going… é forrado de melodias despretensiosas, fora do lugar comum e fortes em sua essência. O disco começa sombrio e bonito demais da conta, sô (como ela diria) e ruma para um ambiente mais linear. Pra ela também não encantou logo de cara, mas com o tempo, assumiu um lugar de destaque. E eu, no caso, acho isso de extrema valoração. “Little Silver” tem um riff lindo e um charme à la Deftones. Já é a preferida de um disco que sangra sem cortes e encanta sem esforços.

DESCENDENTSHypercaffium Spazzinate
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Tá aí uma banda sempre presente entre os reais fãs de hardcore e também a preferida de quem achava cool ou engraçadinha a iconografia da banda representada pelo famoso bonequinho do Milo. Mas confesso que demorei pra virar um assíduo ouvinte. Acho que isso rolou lá por volta da metade dos anos 2000. A real é que no ano de 2016, o Descendents não só lançou esse grande disco, como também fez um dos melhores shows do ano. E aí conquista, euforia e muito respeito tomaram conta dos meus pensamentos. Mas o feito de destaque foi mesmo a alegria que eles arrancaram da Amanda que, vendo aquilo de perto e ouvindo todos aqueles clássicos, pulou mais que todo público do bloco da Ivete Sangalo no carnaval da Bahia. Hypercaffium Spazzinate é só mais um registro de quem faz música com a alma entregue e recebe de volta a alma de quem ouve.

OWEN – The King of Whys
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Cap‘n Jazz é foda. O American Football tem meu respeito, mas não é parte da parcela do emo que eu gosto. Aí a Amanda me mostrou o Owen, projeto, ou banda paralela, de Mike Kinsella, guitarrista dos nomes citados no início. Gostei na primeira ouvida e em uma de nossas conversas eu comentei com ela “é melhor que o American Football”. The King of Whys é, além de um belo título, um disco que facilmente poderia figurar na trilha de alguns seriados mais açucarados. Achou isso ruim? Pra mim não é. O disco é cheio de músicas inspiradas e belas. Seria sucesso nas rádios daqui se estas um dia, com a graça dos deuses do rock, não fossem mais dominadas pelos Dire Straits da vida. Nada contra, mas precisamos de novidade. Precisamos de algo mais fresco. O público merece conhecer coisas como o Owen.

FOND HAN – Sham Cloud
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Esse é dos casos em que a capa do disco já pode te dar um belo adianto de como soa as faixas contidas nele. O compromisso estético de cada faixa de Sham Cloud é com a fragmentação de faixas curtas, dinâmicas e de harmonia esquisita, mas cativante. Lembro que quando descobrimos esses americanos de New Jersey, tinha algo do experimentalismo do Sonic Youth com uma boa parcela emocional pincelada com alguns noises que já te conquistam rapidamente. Gostamos muito. Amanda gostou mais e trouxe eles aqui pra lista dos discos mais legais do ano. Eu concordo, claro.

PLANES MISTAKEN FOR STARSPrey
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Pra mim, Prey soa como a década passada. Ou até do final de 90. Sei lá por qual motivo me lembrou Pandemonium, da fase mais rock/metal do Killing Joke. E sei lá por qual outro motivo, nas métricas do vocal, me lembrou também um pouco de Fields Of Nephlim e aquele climão de redescoberta das trilhas esfumaçadas do Madame Satã. Mesmo com esses direcionamentos não dá pra dizer que Prey é um disco de rock, pós punk ou com tendências góticas. Mas é um pouco de tudo isso.

A TRIBE CALLED QUESTWe Got it From Here…
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A gente gosta muito de Run DMC, De La Soul, House of Pain, Public Enemy, Gravedigazz e outros nomes da escola 80/90 do hip hop e o A Tribe Called Quest figura ali entre os prediletos da casa. A Amanda gostou de primeira do disco e não tem como negar, é um puta disco mesmo. We Got it From Here… chegou aos 45 minutos do segundo tempo. Foi lançado no comecinho de novembro e a gente se apegou como se fosse da família. Bom, na verdade é.

THE HOTELIER – Goodness
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Como a mítica do Inferno, purgatório e paraíso, o The Hotelier também divide seu disco em três etapas que eu, honestamente, não sei se foi proposital ou não. Mas na minha leitura, a banda oferece três estágios com músicas antecedidas por interlúdios utilizados como direcionamentos de longitude e latitude. Algo que possa guiar o ouvinte. De novo, proposital ou não, é uma puta ideia. A primeira parte é explosiva, mais agitada, com refrãos fortes. A segunda traz uma identidade recheada de andamentos mais cadenciados, pacientes e entregues a um tom mais bonito. Já no desfecho, e terceira parte, o forte é o clima de redenção, de conquista, do reconhecimento de uma boa jornada. Traz músicas mais reflexivas. É um final épico para um disco que já de início te pega pelos andamento dos compassos traduzidos em algo que te diz que você está indo pra um lugar seguro, bom e cheio de melodia.

NEAUX – Fell Off The Deep End
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Reverb, reverb, um pouco mais de reverb e um vocal com pinta de shoegaze, mas que não chega a tanto. Tem uma poeira que parece ter sobrado de algum rock de garagem ali. Já sei, é rock sépia. Isso, talvez seja isso, por mais que isso não faca muito sentido. O quarteto americano é formado pela vocalista Sierra Kay (VersaEmerge), o guitarrista Nick Fit (Trash Talk), o baixista Ryan Briggs e o baterista Chris Peters. O Neaux é uma das grandes surpresas destes últimos respiros de 2016. “Somewhere Up North” já conquistou nosso coração. Que baita música. Tem aquela vibe de pista dos saudosos anos 90. Em Fell Off The Deep End tudo parece mais lento e trilhado pelo mundo paralelo de Stranger Things, o que é legal e deixa um gostinho de querer descobrir mais pra entender porque tudo ali soa mais vagaroso que a sua audição e mais rápido do que a sua visão pode querer tentar ler o que o Neaux tem pra mostrar.

FUTURE OF THE LEFT – The Peace and Truce of
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The Peace and Truce of foi um disco esperado por quem já conhecia o poder de fogo do Future of the Left. Comparado com o que os caras já haviam lançado antes, esse último é talvez o disco mais não linear dentro da estrutura quebrada em que a banda sempre passeou com maestria desde os tempos em que Andrew Falkous (vocals e guitarra) e Jack Eggelstone (bateria) encantavam o underground mundial com o genial Mclusky (não conhece? Vai atrás, por favor). The Peace and Truce of é longo. Seus quase 40 minutos por vezes se dispersam, mas nada que interfira muito na qualidade e originalidade dessa grande banda.

DUAS UNANIMIDADES EM 2016
No meio de uma porção de “escuta isso aqui”, acabamos gostando bastante de alguns discos em comum, como o Gore, do Deftones, e do The King of Whys, do Owen. Mas dois foram unanimidade certeira: o espetacular Rheia, do Oathbreaker, e o belíssimo They Moved in Shadow All Together, da Emily Jane White:

EMILY JANE WHITEThey Moved in Shadow All Together
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Certas vozes femininas sustentam um combo de força e beleza que poderia dispensar arranjos elaborados ou a exploração diversificada de tempo e melodia. Cat Power, Feist, Liz Powell (Land of Talk), Neneh Cherry e Lianne La Havas têm esse tipo de talento, e a americana Emily Jane White vem se juntar a esse time mágico com sua voz tão gelada quanto aveludada. Em They Moved in Shadow All Together, Emily não se contenta apenas com seus vocais belíssimos, mas os entrelaça a um instrumental rico e não menos generoso, com inspirações do folk e do indie rock. Se ela canta ou silencia, tudo faz efeito e reverbera. A emoção das narrativas que ela entoa fez lembrar o conteúdo confessional de discos como o Have One on Me, da Joanna Newsom, em que cada verso é um expurgo de sentimentos prestes a explodir. Sentimos juntos e nos solidarizamos, em um desses motivos de compaixão de que a música é capaz de suscitar na gente.

OATHBREAKER – Rheia
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Numa relação entre cores e bandas, o branco faz relação íntima com o Oathbreaker. É a junção de todas as cores. Um aglutinado de espectros. Uma comunhão equilibrada que traz um pouco do que cada uma das cores tem a oferecer. Se antes a banda caminhava por um ambiente cinza, negro, hoje essa escuridão fica só na lembrança. O Oathbreaker de Rheia é uma união de vários universos, com lugar de destaque no meu e no da Amanda. Rheia foi muito aguardado. Já tinha status de melhor disco do ano antes mesmo de sair. E também já causava certa ansiedade pelo nosso gosto e boa relação com a banda.

Em entrevista que fizemos com o guitarrista Lennart no início de 2016, ele já tinha adiantado que o novo disco seria um novo grande passo na musicalidade da banda. Rheia é mais que um salto criativo. É um disco confiante e teimoso no sentido de pedir certa insistência para quem já havia tido contado com os discos anteriores. É um registro de coragem e de crescimento criativo em diferentes aspectos, mesmo parecendo, em um primeiro momento, uma mudança assustadoramente brusca. O Oathbreaker chamou a responsabilidade no peito e vem bancando muito bem esse novo sentido que escolheram dar às novas músicas. E o mundo precisa mais disso. A arte precisa de mais coragem e responsabilidade. Mais Oathbreaker, por favor!