Magoo (Twinpines) Que música tocou tanto, tanto, tanto, e ainda assim não esgotou seus ouvidos?

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Chegamos à segunda edição (veja aqui a primeira) do nosso especial que nasceu enquanto a gente conversava sobre aquela sensação estranha e, ao mesmo tempo, revigorante de não sermos vencidos pelas incansáveis vezes em que uma determinada música invade nossas vidas. Sem permissão, ela vem para ficar de tal forma que, independente de quantas vezes vocês se encontram, a reação é sempre de como vocês estivessem se “vendo” pela primeira vez. Rola aquele air guitar, um agito com a cabeça, uma tremida no beicinho, uma dança daquelas que você mal se importa com o mundo, um arrepio ou aquele “PQP, olha essa músicaaaa!!!”.

Enfim, a gente quer falar de hits.

Quer um exemplo? “Sweet Child O’Mine”, “Música Urbana” (as ruas têm cheiro de gasolinaaa e olho disééél), “Psycho Killer” (fa fa faaaa fa fa fa fafa faaaa), “Nothing Compares 2 U”. Há quem ame ou odeie. O fato é que esses e outros hits tocaram em tudo quanto é lugar ou ocasião, e ainda assim, depois de milhares de repetições, são capazes de nos emocionar.

Dessa vez, nosso convidado é o Magoo, baterista do Twinpine(s), banda paulistana bem conhecida no circuito undeground. Figura carimbada no rolê, Magoo escolheu uma canção icônica da geração 90 e que com certeza foi trilha de muita gente:


“Sugar Kane” – Sonic Youth
(Magoo / Twinpines)

Apesar de eu ser conhecido como o cara que é fanático por Dinosaur Jr, não é deles a música que me marcou de tanto tocar nas rádios. Afinal, os anos 90 foram a época em que eu mais ouvi rock nas rádios, e a banda liderada pelo J. Mascis não era o tipo de coisa que tocava nas FMs, que eram extremamente comerciais. A exceção eram programas especiais liderados por DJs como Kid Vinil e Fabio Massari, que tocavam bandas que eram completamente desconhecidas e nada convencionais para o público geral brasileiro.

Mas em 92 o Sonic Youth lançou o álbum Dirty, e nele, havia um hit chamado “Sugar Kane” que curiosamente adentrou com força total na programação diária das duas rádios da época que eram especializada em rock, tornando o Sonic Youth uma banda que, obrigatoriamente, faria parte da trilha sonora da minha vida. Consequentemente, “Sugar Kane” tocou milhões de vezes nas rádios, e sucessivamente na fitinha K7 do meu velho Walkman amarelo que me acompanhava nas sessões diárias de skate.


Essa música me lembra a primeira vez que fui à Galeria do Rock [em São Paulo]. É incrível como toda vez que vou lá, e tô chegando perto da calçada e vendo o prédio da galeria, vem essa música na minha cabeça. Ela tocava muito naquela época e eu acho que devo ter ouvido ela no dia que fui lá e nunca esqueci isso.

Com certeza essa é uma das músicas que mais ouvi na minha vida, e mesmo depois do milionésimo play, ela ainda me faz tocar meu air guitar onde quer que eu esteja, como se estivesse ouvindo-a pela primeira vez. Viva o Sonic Youth!