Death Metal Uma lista com 20 clássicos de um dos estilos mais extremos da música

In Bandas, Discos

Muito se fala sobre os clássicos do rock, do punk, do hard rock, do grunge… mas e do death metal?

Pois é, há pouco ou quase nenhum esforço quando o assunto é trazer à tona as músicas que ajudaram a modelar essa linhagem da arte extrema, e foi pensando nisso que criamos uma lista com alguns dos grandes clássicos de um dos estilos mais marginais do heavy metal.

Desde sua criação, lá na segunda metade da década de 80, até a terceira geração de bandas, que ocorreu no fim da década de 90, o death metal produziu muito e eternizou lindas melodias.

Músicas que apareceram como uma verdadeira avalanche de riffs rápidos, vocais podrões, a temática do metal morte, e que foram eternizadas em nossas melhores lembranças. Verdadeiros clássicos que ampliaram os limites da brutalidade e elevaram a velocidade descendente do thrash metal. Vamos a eles?

POSSESSED – “The Exorcist”
(Seven Churches – 1985)

Possessed

Não haveria outra forma de inaugurar esse especial senão com “The Exorcist”, o grande clássico do Possessed. Se com a demo de 1984, intitulada Death Metal, eles batizaram o estilo, com Seven Churches, disco lançado em 1985, os americanos pavimentaram um caminho por onde muita criatividade ainda seria explorada para refletir o lado podre do ser humano. Considerado por muitos – e por nós – como o disco que deu origem à série, Seven Churches foi construído sob a energia do thrash metal com uma dose a mais de agressividade. Apesar do álbum trazer uma regravação da música “Death Metal”, é “The Exorcist” quem carrega a bandeira de clássico.

Numa época já um pouco distante, alguns salões promoviam matinês, chamadas carinhosamente de “som de fita”, e quando tocava essa música, a comoção era generalizada.  Mãos nos bolsos, Pony MVP branco, coletes jeans e bangers enfileirados sacudindo suas cabeças como se não houvesse amanhã. A sorte é houve e esse foi só o começo.

SEPULTURA – “Troops Of Doom”
(Morbid visions – 1987)

Com a entrada de Andreas Kisser na segunda guitarra, na época vindo do Esfinge, banda do ABC paulista, o Sepultura ganhou ainda mais em técnica e ampliou suas possibilidades. Nascia ali o Lennon & McCartney do metal brasileiro. Desse encontro nasceu Schizophrenia, um disco brutal e o primeiro sem Jairo Guedes, que entre seus legados, deixou para a banda “Troops Of Doom”, originalmente registrada em 86, no disco Morbid Visions.

Mesmo com toda técnica e melhor qualidade com que foi regravada, a versão original tem um sabor diferente. Carrega lembranças fortes de uma magia tosca, no sentido mais lindo que essa palavra possa ter. Na época, a banda investia pesado no thrash metal alemão, além de também buscar referências em nomes seminais como Hellhammer, Venom e Celtic Frost. Não teve erro, naquele momento, “Troops Of Doom” havia se tornado um hino do death/thrash brasileiro, e mais adiante, um hino mundial.

MORBID ANGEL – “Immortal Rites”
(Altars of Madness – 1989)

Morbid Angel

Uma grande dificuldade na vida: escolher uma música de uma das maiores bandas do death metal. Dentro de seus quatro primeiros discos, o Morbid Angel sempre foi muito criativo. Riffs intricados, tempos tortos, vocais abrangentes, letras elaboradas e construções que flertavam com o metal tradicional, o doom e até com o jazz. Juntos, Trey Azagthoth, Pete Sandoval,  David Vincent e Richard Brunelle, foram algumas das  mentes mais privilegiadas da música extrema reunidas em uma só banda.

Voltando um pouco no tempo, no começo da década de 90, quando a banda tocou na Dynamo, casa de shows paulista que ficava na região da Santa Cecília, alguns fãs cantavam, isso mesmo, cantavam o “refrão” (por volta dos 1:38). Ou seja, “Immortal Rites” é um grande clássico e ainda hoje é impossível pensar o death metal sem “Immortal Rites” e sem o Morbid Angel.

OBITUARY – “Slowly We Rot”
(Cause of Death – 1990)

obituary

O Bitu, para os íntimos, é outra banda dona de músicas bem marcantes como “Find The Arise” , “Dying”, “The End Complete”, “Redneck Stomp”, “Don’t Care”, enfim, são muitas. Mas dentro da extensa discografia dos americanos, a gente optou por “Slowly We Rot” por motivos de: memória afetiva.

No início dos anos 90, na intensa troca de fitas, existia uma com um show gravado. Uns 20 minutos de show, coisa rápida, set curto, mas com tempo suficiente para nos rendermos ao Obituary. A qualidade não era lá essas coisas, mas foi o primeiro “contato” com o vocal de John Tardy captado fora do estúdio, e a reação era unânime: “não tem efeito no vocal, ele faz isso ao vivo mesmo” (risos). A introdução nos moldes de “South of Heaven”, do Slayer, nunca mais saiu da cabeça de quem foi impactado por aquela fita em que a primeira música era esse grande clássico, “Slowly We Rot”.

DEICIDE – “Sacrificial Suicide”
(Deicide – 1990)

Algo muito interessante nas bandas de death metal do início da década de 90, é que, com incrível naturalidade, muitas delas tinham características peculiares que ajudaram a edificar a identidade dessas bandas. Glen Benton (baixo e vocal) sempre foi “a cara” do Deicide. Blasfêmias, tretas, humor (por vezes) cruel, cruz invertida queimada na própria testa, promessa de suicídio aos 33 anos. Além das polêmicas, Benton reúne o que Trey Azagatoth disse sobre o estilo: “Algumas pessoas pensam que death metal só diz respeito ao som… Death metal é um sentimento”.

Mas a brutalidade do Deicide não se resume somente aos urros de Benton. Os irmãos Brian e Eric Hoffman (guitarra), assistidos pelo baterista Steve Asheim, são também responsáveis por diversas das mais brutais músicas do estilo, entre elas, “Sacrificial Suicide”, do primeiro disco da banda. Curiosidade, no Brasil, devido a explosão do death metal na década de 90, foi lançado um LP da banda com duas demos de quando a banda ainda se chamava Amon. Algumas músicas, como acontece com “Sacrificial Suicide”, estão registradas de uma forma ainda mais brutal. Ouça.

ENTOMBED – “Sinners Bleed”
(Clandestine – 1991)

entombed

Apesar de “Strange Aeons” ter ganhado clipe e levado a fama, é de “Sinners Bleed” o posto de grande clássico desse que é um dos discos mais reverenciados da música extrema.

Clandestine é um desses registros em que a palavra perfeição se encaixa naturalmente. Justa, sem qualquer folga ou ajuste possível. Dentro dele, “Sinners Bleed” reina com a plenitude de quem traz em medidas exatas todos os fragmentos daquilo que entendemos por death metal. Além de inspirar outras tantas bandas, o Entombed definiu a sonoridade sueca do death metal, coisa que até os dias de hoje segue sendo emulada em bandas do mundo todo que tem os suecos como referência.

DEATH – “Flattening of Emotions”
(Human – 1991)

Death

Chuck Schuldiner é um gênio do nosso tempo e dificilmente haverá outro igual. Mas muito além de um incrível disco de death metal composto por ele, Human é, antes de tudo, um clássico da música responsável por redirecionar a sonoridade da banda, levando o Death para caminhos mais obtusos e um tanto desafiadores para os padrões do death metal da época. Nada de novo, já que, desde os tempos de Mantas (banda que ele teve antes do Death), Chuck dava sinais de como ele queria que sua banda soasse.

Insistente, Chuck conseguiu. Hoje o Death é uma referência quando o assunto é a técnica a serviço da música extrema. No Death ele abusou dos riffs intricados, das composições altamente complexas, e isso pode ser percebido em “Flattening of Emotions”, a nossa preferida. Human foi um disco importantíssimo pra banda porque, a partir daquele momento, o death metal nunca mais seria o mesmo. E nós, com a perda desse gênio, também nunca mais fomos.

SARCÓFAGO – “Screeches From The Silence”
(Laws of Scourge – 1991)

sarcofago

Esse foi o primeiro clipe de uma das bandas mais respeitadas do metal extremo mundo afora. Ok, se nossa lista fosse sobre black metal, estilo que originou a banda, “Nightmare” ou “Alcoholic Coma” estariam aqui. Mas nosso recorte é sobre alguns clássicos do death metal e foi em Laws of Scourge que o Sarcófago assumiu de vez essa proximidade com o metal morte.

Em entrevista para a revista Rock Brigade, o Sarcófago chegou a dizer que, com o amadurecimento, eles quiseram transmitir um lance mais real, e não uma fantasia adolescente. Musicalmente, na época de lançamento, Laws of Scourge rendeu comparações a nomes como Morbid Angel e Deicide. Alguns fãs mais extremos torceram o nariz, a gente gostou.

DISMEMBER – “Override Of The Overture”
(Like an Everflowing Stream – 1991)

dismember

Formado em 1988, o Dismember trazia em sua formação original ex-membros do Carnage: Mike Amott, que mais tarde foi para o Carcass; Matti Kärkie que passou também pelo maravilhoso Carbonized, e o baterista Fred Estby, que além do Carnage também contribuiu com o Death Breath.

Cheia de referências às harmonias criadas por bandas da New Wave of British Heavy Metal, “Override Of The Overture” é daquelas músicas que definem o DNA de uma banda. Nela você vai esbarrar com o que o Dismember faz de melhor: a mistura perfeita entre o death e o heavy metal tradicional. Com um dos riffs mais emblemáticos do death metal, “Override Of The Overture” tem lugar cativo entro os grandes clássicos do estilo.

MASSACRE – “Cryptic Remains”
(From Beyond – 1991)

massacre

Quem gosta de death metal e nunca se permitiu fazer um air guitar ouvindo essa música deve parar e fazer isso agora! O Massacre foi formado em 1984, mas só em 1991 lançou seu primeiro registro, From Beyond. O vocal grotesco e característico de Kam Lee sempre foi a marca registrada da banda que também já teve em sua formação Terry Butler e Allen West, ambos do Obituary.

Para entender um pouco a sonoridade do Massacre é legal a gente voltar a dois fatos bem interessantes. Kam Lee chegou a contar que, ainda na época de sua antiga banda, o Mantas, Chuck Schuldiner (Death) apareceu com a demo tape do Possessed. Eles ainda estavam na onda do Venom e do Motorhead, mas quando escutaram aquela fita ficaram malucos com a sonoridade. Kam olhou para Chuck e disse “cara, é isso que a gente tem que fazer!”. Somando isso ao fato de que em 1984 o Massacre tinha um outro vocalista, e durante os ensaios a banda tocava covers do Overkill, S.O.D e Anthrax, conseguimos estruturar as origens do som da banda que usa e abusa de riffs palhetados presentes em From Beyond, inclusive o de “Cryptic Remains”, nossa faixa escolhida.

PUNGENT STENCH – “Happy Re-Birthday”
(Been Caught Buttering – 1991)

PUNGENT STENCH

Been Caught Buttering é o nosso disco preferido dessa banda que, apesar de caracterizada como splatter, sonoramente, sempre flertou com outras linhas não exclusivas do metal extremo. O Pungent Stench era quase um estranho no ninho. Não pendia nem para os cacoetes do death metal americano, nem para o marcante estilo sueco e “Happy Re-Birthday” é um exemplo disso. O andamento lembra um pouco os primeiros discos do Master com uma mistura de riffs com jeitão de Black Sabbath nos momentos mais cadenciados.

BENEDICTION – “Foetus Noose”
(Dark is the Season – 1992)

benediction

No início da década de 90 uma coletânea chamada Death …. Is Just The Beginning reunia em um só lançamento a nata dos nomes que vinham se destacando no death metal. Lançada também em VHS, a coletânea trazia clipes de bandas como Mortification, Hypocrisy, Brutality e Dismember, entre outras. De todas elas, talvez a mais conhecida deste primeiro volume era o Benediction, Benê para os íntimos.

A primeira formação do Benediction contava com mister Mark “Barney”Greenway, que hoje compõe a linha de frente do Napalm Death. Barney gravou o primeiro disco da banda e logo depois foi substituído pelo carismático David Ingram, que se tornou “a voz” do Benediction.

A título de curiosidade, “Foetus Noose” também aparece no EP Dark is the Season, um EP que ainda traz um lindo cover de “Forged In Fire”, do Anvil.

UNLEASHED – “A Life Beyond”
(Shadows in the Deep – 1992)

Unleashed

Direto, reto e com um dos riff mais classudos da discografia da banda. Por aqui, Shadows in the Deep foi consumido à exaustão, ainda hoje é o disco do Unleashed mais tocado e “A Life Beyound” é uma das músicas que mais marcaram a discografia dos caras.

Nicke Andersson (Entombed) admitiu que seu relacionamento com Johnny Hedlund (Unleashed) se tornou cada vez mais amargo e isso fez com ele saísse da banda. A última formação do Nihilist nada mais é que o Entombed. Já Hedlund formou o Unleashed, banda muito venerada e que ajudou consolidar o metal extremo sueco.

CANNIBAL CORPSE – “Hammer Smashed Face”
(Tomb Of The Mutilated – 1992)

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Uma fita cassete comprada no comecinho dos anos 90 iria mudar tudo o que a gente entendia até então sobre “vocal podrão”. No Lado A, um show do Cannibal Corpse da turnê do Eaten Back To Life. No Lado B, um ensaio toscamente gravado mas assustadoramente impactante. Era surreal imaginar de quais profundezas vinha aquele vocal monstruoso de Chris Barnes, uma das vozes mais marcantes do death metal.

Tomb of Mutilated é o Master of Puppets deles, e “Hammer Smashed Face” um grande clássico que já foi parar até nas telas de cinema. Já assistiu ao filme Ace Ventura? Em uma das cenas o Cannibal Corpse aparece tocando essa música. Pois é, o death metal já esteve em Hollywood.

HYPOCRISY – “Left To Rot”
(Penetralia – 1992)

Penetralia é um disco e tanto e “Left To Rot” foi a primeira música que ouvimos da banda. Talvez por conta do clipe que chegou a marcar presença no programa Fúria Metal, da MTV.

O Hypocrisy é um dos nomes mais criativos da chamada segunda geração do death metal europeu e que traz em sua formação uma das mentes mais ativas do estilo, o multiinstrumentista, compositor, produtor Peter Tägtgren, que no terceiro disco do Hypocrisy também assumiria os vocais da banda.

GOREFEST – “State Of Mind”
(False – 1992)

Desde o primeiro disco o Gorefest já dava sinais de ser um nome com muito futuro, mas que, em contrapartida, sofreria as consequências de ser uma banda que não estava disposta a se prender a fórmulas, contextos ou regras da música extrema. O Gorefest sempre foi audacioso e de uma qualidade gigantesca.

“State Of Mind” reflete a riqueza de referências que ajudam a compor a forma como o Gorefest comete suas músicas. Peso extremo, velocidade, um dos melhores vocais do estilo, groove e aquele algo a mais que, de tão fora da curva, fica difícil de significar.

CARCASS – “Heartwork”
(Heartwork – 1993)

Entre as principais bandas do primeiro escalão do death metal, o Carcass talvez tenha sido a que tenha optado pelas mudanças mais radicais em suas composições e no modo de se portar dentro da música extrema. Heartwork é o salto definitivo na discografia da banda que, no início, era totalmente voltada ao splatter grind/death metal com conteúdo banhado em corpos em decomposição, vocais inaudíveis, vomitados e músicas que estavam mais próximas do grindcore do que do death metal.

Mas, gradativamente, o Carcass foi alterando suas rotas e, sem perder sua identidade, chegou em Heartwork. O quarto disco dos ingleses é considerado por muitos como o marco zero do tal death metal melódico(?), embora a gente não entenda muito o termo. Parte da evolução da banda se deve a entrada de Michael Amott, que já havia gravado Necroticism – Descanting the Insalubrious, na segunda guitarra.

“Heartwork”, a música, é um verdadeiro hino do metal extremo. Riffs incíveis, melódicos, pesados e andamentos de bateria que passeiam pelo blast beat e levadas mais tradicionais do heavy metal. Definitivamente, pra quem conheceu o Carcass desde o primeiro disco da banda, jamais imaginou que um dia eles pudesse lançar um álbum como Heartwork. Mas é na surpresa que a genialidade das bandas encontram morada. E a gente agradece por sermos surpreendidos quando isso acontece.

GENOCÍDIO – “Up Roar”
(Hoctaedrom – 1993)

Genocidio

Acredite, o death metal já esteve nas rádios rock do Brasil, no assim chamado horário comercial, e isso se deve aos paulistas do Genocídio.  Ao lado de músicas como “Rebel Maniac”, do Viper; e “Territory”, do Sepultura, “Up Roar”, do disco Hoctaedrom, invadiu a programação normal da 89FM, feito até então impensável para a música extrema. Com o sucesso, a música também ganhou um clipe e tocou bastante na programação da MTV brasileira.

Antes disso, o death metal só era difundido em programas de nicho como o Comando Metal ou o Back Stage, por exemplo. Uma conquista e tanto. E por isso, um clássico.

BOLT THROWER – “For Victory”
(For Victory – 1994)

BoltThrower

David Ingram, hoje no Benediction, chegou a dizer que o Bolt Thrower é a maior banda de death metal do planeta. O que é curioso, já que quando a banda começou a aparecer um algumas gravações em fica k7, chegou a ser considerada “lenta demais” perto de outras que ganhavam os corações do público brasileiro. Pra gente eles sempre foram uma das melhores. Talvez pelo histórico punk de seus integrantes, o Bolt Thrower sempre nos pareceu uma das mais leais em relação às suas crenças e posicionamentos, cobrando preços abaixo da média em seus shows e merchandising, por exemplo, o que só reforça o quanto eles enxergavam as coisas de uma forma diferente numa época em que seria fácil se corromper em busca de um “sucesso”.

Apesar de War Master ainda ser nosso disco xodó, e de IV Crusade o queridinho entre boa parte dos fãs, foi com …For Victory que o Bolt Thrower teve seu merecido reconhecimento, pelo menos fora da Inglaterra. As resenhas, em todas as revistas especializadas da época, eram só elogios. O ponto comum em todas elas era de como a banda tinha conseguido atingir sua maturidade criativa com esse disco. E realmente, a arte visual, as músicas, o conceito, as letras. …For Victory é um grande marco na carreira do Bolt Thrower e a faixa título sintetiza muito bem a importância desse grande registro.

KRISIUN – “Kings of Killing”
(Apocalyptic Revelation – 1998)

Krisiun

O Krisiun começou como quarteto. Costumavam ensaiar no Da Tribo, um estúdio localizado na Vila Carrão, zona leste de São Paulo. O comentário que rolava por lá era de que aquela era “a banda mais rápida e insana” que havia aparecido naqueles dias. Em 1994, em um festival no ginásio da Portuguesa, o Krisiun tocou no Super Metal Fest, ao lado de bandas como The Mist, Korzus e Kreator em um show que comprovava que aquilo era de fato a coisa mais rápida e insana que havia aparecido por aqui. Depois disso, a banda seguiu conquistando a admiração do público e de nomes do alto escalão como Bill Ward, baterista do Black Sabbath, que colocou o disco Southern Storm como um de seus favoritos. E aí, quando um dos caras que inventou o heavy metal coloca um álbum seu em uma lista de melhores discos, é que a coisa deu muito certo.

“Kings of Killing”, a faixa escolhida para encerrar essa lista, tem aquela tensão típica das introduções clássicas do Slayer. Uma aula de brutalidade. Afinal, é o que o Krisiun faz: heavy metal com a dose ideal de agressividade para seu tempo. Black Sabbath, Metallica, Slayer, Sepultura e Morbid Angel foram brutais em suas épocas. Hoje, brutal mesmo, é o Krisiun.