60 depoimentos em homenagem aos 60 anos de Fabio Massari

In Bandas, Discos, Especiais, Música

Foto: Beatriz Barbi

Amanda Mont’Alvão e Vinicius Castro

É aniversário de 60 anos do Reverendo Massari e a gente decidiu reunir 60 heranças musicais deixadas por ele, entre músicas e bandas recomendadas nos programas Lado B, Mondo Massari, Todos os Festivais do Mundo, da saudosa MTV; em programas de rádio e em livros – muitos deles lançados pela editora Terreno Estranho. Na verdade, como o Sounds Like Us é um site de duas pessoas da área de Humanas, aqui tem mais do que 60 relatos (!!!). Então, puxa a cadeira, aumenta o volume e embarca com a gente nesse rastreamento do tipo de efeito, curiosidade e consequência que ele provocou ao dar à música alternativa o destaque que ela sempre mereceu.

Um dia eu vi uma menina ouvindo um monte de discos e a banda tocava dentro do encarte. Que trem doido! Pra chegar naquele clipe fantástico de “Brimful of Asha”, do Cornershop, foi preciso muita ajuda. Como adolescente no interior de Minas, conhecer bandas era trabalhoso, mas diversificado: tinham as rádios piratas, a pasta de letras de música do meu irmão, os amigos generosos que gravavam fitinhas e CDs, as revistas de música, a Usina do Som (alguém lembra desse site?) e, um pouco mais tarde, as mp3s que baixava na internet. Mas na época da conexão tartarugamente discada, juntar imagem e som era um grande milagre, porque os poucos vídeos que tinham nos sites das bandas simplesmente não rodavam. Os amigos falavam dum tal de Lado B que era um programa incrível apresentado pelo Fábio Massari, cheio de bandas diferentes, mas eu não tinha MTV em casa, porque era canal por assinatura. Alguns anos depois, finalmente pude assistir ao Lado B na casa dos amigos. O Massari simplesmente abriu um portal pra mim, com Guided by Voices, Galaxie 500, o Cornershop e tantas outras poções mágicas.
Amanda Mont’Alvão (Sounds Like Us)

O cardápio oferecido pelo Reverendo Fabio Massari tem dois pontos que me interessaram desde o primeiro impacto: Os sons mais esquisitos e o rock alternativo, sendo que este último, nos anos 90, era o que brilhava no canal 32 UHF da music television. Junto ao Kid Vinil, Massari é responsável por mostrar que a música que eu nem sabia que precisava, existia. Sabe aquela coisa de você se dar conta do tamanho da sua fome só depois que dá a primeira garfada? É isso! Em 1998 conheci o Drugstore por meio de “El President”, vídeo à época veiculado no Gás Total, programa de Gastão Moreira. Foi um desses casos que, depois de assistir, busquei ter o álbum em formato físico, adquirido em uma loja localizada na Galeria do Gemini, na Av. Paulista. No período, o Drugstore veio ao Brasil e a MTV veiculou uma apresentação deles em formato acústico. Na ocasião, tocaram uma versão linda de “Black Star”, do Radiohead. Depois disso o Drugstore também se apresentou na rádio Brasil 2000 onde, dessa vez, fizeram um cover de “She Don’t Use Jelly”, do Flamming Lips. Eu não conhecia o Flamming Lips e achei que se tratava de uma composição do Drugstore…haha. Eu ouvi muito a fitinha em que gravei com essa apresentação, mas a versão de “Black Star”, registrada no Lado B, somada a audição incansável do disco do Drugstore, é uma memória muito boa que me ocorre sempre acompanhada de um sorriso de canto, que celebra. Obrigado, Massari. Viva!
Vinicius Castro (Huey/ Sounds Like Us/ Throe)

Apesar de ter vivido minha adolescência nos anos 90, a MTV brasileira só foi tornar-se uma referência para mim no final daquela década. Não tinha como assistir à emissora em minha cidade-natal, Brasília, e quando me mudei para o estado de São Paulo, em 1993 (quando fui fazer Ciências Sociais na Unicamp), fiquei pelo menos três anos sem a presença do aparelho em casa. Quando finalmente pude comprar o eletrodoméstico, a fase de ouro do canal já havia passado. Cheguei a ver alguns Lados B apresentados pelo reverendo, mas nessa época eu já era jornalista que cobria música e o ofício já tinha me feito conhecê-lo pessoalmente. Então o Massari nunca foi um radialista ou VJ, e por mais que logicamente eu tenha sido apresentado a inúmeras bandas desconhecidas, não lembro de nenhuma banda específica que tenha conhecido através de seu programa, como muitos da minha geração. A principal lembrança que tenho não apenas do Lado B quanto da importância de seu apresentador era o fato de ele reunir artistas de lugares e cenas tão diferentes sob um mesmo guarda-chuva. Não importava se era noise, metal, indie, shoegazer, rap ou hardcore – o grande barato das escolhas feitas por Massari era o fato de serem artistas que queriam sair da mesmice e que exploravam os limites da música para além da expectativa. Reconhecer isso sem que houvesse um rótulo genérico (vários tentaram, mas alternativo, independente e até mesmo “lado B” não eram amplos o suficiente) foi a grande contribuição do mestre para a minha formação – uma que permanece até hoje. Obrigado, professor!
Alexandre Matias (Trabalho Sujo)

Fui um moleque criado no arroz e feijão do pop – uma dieta que consumo até hoje -, mas nunca deixei de me aventurar por outros paladares. Tenho uma memória muiti vívida de assistir ao saudosíssimo “Lado B” e ter ali meu primeiro contato com Massive Attack. Não sei o ano, nem minha idade, mas levo na pele e por baixo dela a sensação de primeiro contato com um trip hop que virou parte da minha composição como amante de música. Acho que minha de ter tido Massari como um mestre é bem essa, a de ter conhecido estéticas e mensagens que não só mataram a fome naquele momento, mas me sustentam enquanto ser humano até hoje.
André Felipe de Medeiros (Música Pavê / Podcast Pós-Jovem)

Jawbox não foi uma banda que eu descobri pelo Lado B. No entanto, o programa do Massari abriu uma janela para o mundo das bandas que adorávamos, permitindo-nos ver na tela os rostos dos seus integrantes (qualquer informação dessas, valia ouro). Em um domingo dos anos 1990, Massari apresentou o Jawbox tocando “Motorist” nos estúdios do 120 Minutes — a versão americana do Lado B. Ver aquele vídeo inesquecível de J. Robbins, Kim Colleta, Bill Barbot e Zach Barocas DESTRUINDO a cada acorde de “Motorist” transformou completamente a minha ideia de atitude de uma banda dando o seu melhor pela música.
André Mesquita (curador e autor dos livros Insurgências poéticas e Mapas dissidentes)

Conheci o Fabio em 2015, e desde então qualquer momento na presença dele é um ensejo para absorver alguma novidade e/ou inúmeras conexões que ele é capaz de fazer acerca de discos, músicas, livros e filmes. Mas vou aproveitar a oportunidade da comemoração sexagenária do Reverendo para lembrar de um show que eu e o Gastão fomos, a convite do próprio, em 2017, a banda era Acid Mothers Temple, foi nesse dia que conheci o headliner do MASSARIFEST! O som deles tem um lugar de destaque na minha playlist, e para mim é impossível dissociar a psicodelia originalíssima dessa banda à figura do Massari, que dessa vez, sob sua curadoria, nos dará o presente de podermos celebrar sua vida ao som dos japoneses lisérgicos do Acid Mothers Temple, será certamente memorável!
Beatriz Barbi (Kazagastão)

Apesar de eu ter formado meu gosto musical na mesma época em que surgiu a MTV Brasil e ter assistido muito o canal por anos (conheci o Nirvana pela estreia de “Smells Like Teen Spirit”, no Ponto Zero, o que me levou a ir pela primeira vez na Galeria do Rock comprar justo esse disco, por exemplo), tenho pouca nostalgia dos anos 90. Em retrospecto, eu acho duvidosa a ideia de basear tanto o gosto musical no recorte tão limitado que é: primariamente artistas que conseguiam produzir videoclipes que uma emissora de TV exibiria. Era legal ter o acesso a esse material, mas não era a fonte mais interessante de informação na pré-internet: pra mim eram as revistas de música e dicas de pessoas próximas. Eu simpatizava com o Massari nessa época, mas o motivo pelo qual eu realmente tenho algo pra escrever aqui é que hoje, mesmo trinta anos depois da gente conhecer ele pela TV e pelo rádio, ele é uma pessoa que de fato vai a shows de verdade de bandas de verdade nos espaços legítimos onde realmente é construído e explorado o presente da música “lado B” de São Paulo. Ele nitidamente quer realmente saber o que está acontecendo e escutar o que está sendo feito para além do mundo das assessorias de imprensa, patrocínios de marca e convites grátis pra festivais milionários, quase o inverso de como eu descreveria a maior parte dos seus supostos colegas de profissão, seja essa profissão jornalista, curador, o que for, a prova está na escalação dos seus shows de aniversário este ano.
Bernardo Pacheco (músico e produtor)

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Eu sou muito grato ao Massari. Ele me apresentou muitas bandas que me marcaram. Uma delas é o Sigur Rós, que é alucinante! Eu comprei o livro dele, o Estação Islândia e fiquei apaixonado pela cultura do lugar. É uma cena muito foda e por ser uma ilha, torna tudo mais interessante. E eu achei muito curioso a forma como ele apresenta isso no livro. Não tinha como conhecer aquela cena de outra maneira. Tava tudo ali no livro dele. De alguém que pôde vivenciar aqui, coletar as informações e passar pra gente. Um jornalista musical incrível.
Breno Honorio (Giant Love)

Sempre vou me referir ao Fábio Massari como professor. Muitos o chamam de reverendo, mas, para mim, ele é um dos maiores professores que já tive quando o assunto é a música alternativa. Massari foi além: Apresentou artistas que realmente experimentavam novos sons que, para alguns, podiam soar estranhos, mas que para mim eram como a terra prometida. Lembro de uma banda que ele apresentou no Lado B da MTV, e que mais me impactou: Atari Teenage Riot, com o clipe de “Speed”, do álbum de estreia dos alemães, Delete Yourself! Foi um divisor de águas para mim, pois nenhum dos meus amigos conhecia. Fiquei ouvindo por meses a fio, até que um dia consegui comprar uma cópia usada do Delete Yourself! e me apaixonei de vez. Um dos melhores shows da minha vida foi deles. Ter visto o ATR no Lado B foi um daqueles momentos mágicos que sempre busco ao descobrir uma nova banda. Muito obrigado por tudo, professor Massari! Feliz aniversário e vida longa, Reverendo!
Bruno Teixeira (Desalmado)

Uma das coisas que une o Programa de Indie é o amor por certos discos – e entre eles está o Yoshimi Battles the Pink Robots, do Flaming Lips. É um disco que o Igor conheceu pelo Massari na época do Jornal do MTV. Na época, o Massari apresentava os discos no estúdio e posicionava para a câmera – e foi difícil não ficar instigado por aquela capa maravilhosa. Não foi a primeira vez que a gente ouviu Flaming Lips, mas depois daquele dia em que ele levou o disco pro estúdio, tudo mudou.
Bruno Capelas e Igor Muller (Programa de Indie)

Fui ter MTV em casa só com uns 16 anos, até então sabia o que rolava por fitas vhs que alguém gravava e rodava pela galera.  Lembro que numa dessas fitas tinha uma matéria do Massari falando do Thee Butchers Orchestra, pirei no som, anotei o nome (todo errado) e sempre comprava qualquer CD deles que encontrasse. Lembro do Pin Ups tb, uma entrevista dele com o Blixa (Neubauten) que me deixou curioso pra ouvir o som que aquele cara meio arrogante de chapéu bonito fazia. As coberturas de festivais – principalmente os nacionais, enfim… Tem muita coisa, provavelmente meio que tudo que cresci ouvindo e ouço hoje passou pelo Reverendo.
(Caio – Sky Down)

Eu tinha 19 anos quando saí de Aracaju para trabalhar numa campanha política em Macapá. Na casa onde ficávamos hospedados tinha antena boa, que captava MTV Brasil. Foi a primeira vez que fui apresentando a esse mundo de videoclipes, bandas alternativas e outros tipos de rock que não somente o metal e as bandas clássicas dos anos 60, 70 e 80. Foi também a primeira vez que vi o Lado B, e o Massari me apresentou a inúmeras bandas que eu não conhecia e passei a cultuar, como My Bloody Valentine, Sonic Youth, Flaming Lips, Mercury Rev, Drop Nineteens, Swirlies e tantas outras. Em 98, fiz um festival em Aracaju e o Massari foi lá cobrir com o Lado B – isso foi como ganhar uma Copa do Mundo. Massari foi meu professor, meu mestre e, hoje, é meu amigo. Que honra celebrar os 60 anos dele!
Carlo Bruno Montalvão (Brain Productions Booking / selo Before Sunrise Records)

Conheci o Massari em 92, quando trabalhei no começo da MTV, pouco antes do Thunder dar o apelido de “reverendo” (acredito que por conta do Reverend Horton Heat). Foi uma das primeiras pessoas que descobri que tinha um conhecimento profundo sobre bandas de lugares como Islândia. Acho que através dele eu soube que a Bjork tinha bandas, antes do Sugarcubes, o Tappi Tíkarrass ou Kukl, que foram bandas que acabei ouvindo mais pós-Youtube. Lembro de ele ser um fã colecionador de Frank Zappa, e lembro que faltava apenas um disco na coleção, um que ele achou uma vez e não comprou porque estava sem a capa. O Massari também foi o responsável por passar clipes que haviam sido proibidos na MTV como “Miles iz Dead”, do Afghan Whigs, e um do NIN que não lembro o nome. Pessoa fundamental na educação musical de umageração, entrevistou o Tube Screamers, no Juntatribo, e segue buscando e apoiando bandas até hoje, como o Falsa Luz, que na minha opinião, é a melhor banda no estilo (black metal feito por punks) atualmente.
(Carlos Dias – Polara)

A história de uma banda que eu conheci com o Massari é, no mínimo, curiosa. Quando ele era coordenador da 89 FM, eu às vezes passava lá na rádio pra conversar, tomar um café com ele. Em uma dessas visitas ele me deu o CD de uma banda nova de punk, comentando que o som era legal e que eu poderia gostar. E realmente, eu gostei do som e passei a ouvir direto aquele CD. Uns seis meses depois, por aí, aquela banda explodiu e se transformou em uma das maiores da cena naquela época. O nome da banda era GREE DAY… haha. Fabio Massari sempre me apresentando as novidades!
(Clemente Nascimento – Inocentes/ Plebe Rude)

Muito se fala sobre nossos guias e influências musicais, mas gostaria de relatar também aqueles que nos tiram de um rumo e mudam nossa direção sonora. É isso que o Massari fez no auge da MTV e continua fazendo até hoje. Enquanto havia uma massa comercial nos empurrando para o mesmo destino, o Reverendo nos mostrava trilhas literalmente alternativas. Bandas mais obscuras e desconhecidas que nos levam à uma autenticidade muito especial. E quando desobedecemos uma maré, encontramos novos habitantes e horizontes. E assim que se formam novos projetos musicais, buscando sua própria verdade que, em vez de seguir uma rodovia pavimentada, preferem abrir caminho na estrada de terra. O underground é a base de um destino infinito da arte. Da renovação e inovação musical. Uma das melhores sensações é aquela ao ouvirmos uma banda nova que nos capta imediatamente e diretamente na alma. E o Massari consegue fazer isso como ninguém. Sorte a nossa.
Dane El (Huey / FFFront)

Embora a MTV não pegasse muito bem na minha casa, a figura do Fábio Massari já era presente no meu gosto musical pelas tantas conversas que apareciam na mesa do bar “mas você precisa ver a entrevista que o Massari fez com fulano, com tal banda”. Devo muito a essas conversas e ao Massari. Entre tantas indicações do Massari, uma se tornou a “maismais”. Eu já era ouvinte do Zappa, mas aquela ouvinte limitada. Gostava do Hot Rats, Zoot Allures e da icônica The Mothers of Inventation. Até que um dia assisti a entrevista/conversa dele com o Thunder em um programa de 20 min sobre a esquisitice e genialidade do Zappa. A conversa era tão divertida (e complexa, rs) que fiquei fascinada por aquele universo e decidi, assim, despretensiosamente, ouvir toda a discografia do Zappa. Claro que, como uma boa preguiçosa, não terminei até hoje, e acho que nunca vou – se é que alguém já conseguiu essa façanha! Devo ao Massari o convite de entrar na esquisitice, não só na mais recente do Zappa, mas no universo da música esquisita. Coisa que ele faz muito bem! Agradeço demais, Massari, por todos esses anos trazendo entrevistas e curiosidades boas para gente. Vida longa a ti e tudo de melhor!
Deb Molina (Pöstvmö / Tiranossaura Records)

Eu não consigo associar o Massari a uma banda ou estilo especificamente, eu acabo associando o Massari, na verdade, ao fim dos estilos na minha cabeça. Claro que ouvia muito o homem falar sobre Frank Zappa, indicar Morphine, Stereolab e outras coisas no Lado B, escrever sobre bandas islandesas ou então vê-lo apresentar grupos sul americanos totalmente estranhos a mim no Mondo Massari, mas, pensando em retrospecto, o Massari foi a primeira pessoa, ou o primeiro jornalista musical, que ignorou com tanta naturalidade as famosas tribos que ainda persistiam nas décadas de 90/00, quando a música era parte central da minha existência, e mostrou que, no fim, tudo que ele trazia, indicava e escutava era música, das mais interessantes e bacanas dessa época.
Denis Fujito (Dōmo Bar)

Não deve haver uma pessoa da minha geração fanática por música que não tenha descoberto algo novo por meio do Fábio Massari, principalmente por meio de seus programas na finada MTV Brasil. Eu destaco uma lembrança marcante no Jornal da MTV, quando o reverendo apresentou o EP No Spiritual Surrender, do Inside Out, primeira banda de Zack De La Rocha, do Rage Against The Machine. Esse EP me abriu portas para o hardcore punk e me fez buscar as origens, como Minor Threat, Bad Brains e Black Flag. Quando veio o boom da internet de vez, consegui comprar o EP físico e sempre lembro do Massari quando pego pra ouvir.
Diego Carteiro (Hits Perdidos / programa Ruído na Internova Rádio)

Quando eu penso no Massari eu lembro de duas coisas: a primeira é o Lado B, programa dele que eu assistia nas madrugadas insones quando a MTV pegava num canal que nem existe mais em Recife e totalmente chamuscado. Foi lá que vi pela primeira vez o Sonic Youth e a Fugazi, se não me engano. A outra foi uma vez que ele tava ao vivo em algum evento em Recife, acho que era o Abril pro Rock, e ele foi bastante simpático quando fui dizer que gostava do Lado B. Ah, tem uma banda que eu achava que era fruto da minha imaginação, já ali nos anos 2000, chamada Dogs Dies In Hot Cars, que acho que vi por ele também. Este é um nome esquisito de banda, mas lembro que catei o álbum na Internet e ouvi por um bom tempo, CD ripado no carro e tudo mais.
Diego Pessoa (Hominis Canidae)

O ano era 98, minhas maiores influências musicais ainda eram bandas de metal que ouvia no começo da adolescência, mas foi no Lado B que ouvi e assisti um clipe do Superchunk pela primeira vez e pirei. Foi nesse mesmo 98 que fui ao show deles em São Bernardo do Campo no Planeta Rock onde meses depois também assistiria ao Seaweed junto com o Garage Fuzz um show que me lembro perfeitamente até hoje, a partir daí minhas influências musicais nunca foram as mesmas. Muito obrigado por isso, Massari.
Du Motta (74 Club/ Mocergo/ Batto/ 94 Foundations)

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Nos anos 90 eu tive um programa de rádio na faculdade chamado “Barulho”. O nome eu roubei do Barcinski, mas a programação era inteira influenciada pelo Lado B – “Puss”, do Jesus Lizard, eu tocava direto. Sem grana pra comprar CDs, eu segurava um gravador de fita K7 na frente da TV pra captar o áudio dos clipes e depois tocar na rádio. A qualidade era péssima, mas ninguém ouvia o programa mesmo. Só lembro de um amigo que ouviu um dia e falou “achei legal, mas você imita demais o Massari”. Foi o maior elogio que eu podia receber.
Elson Barbosa (Sinewave)

Foi Fabio Massari quem plantou as primeiras sementes do rock alternativo na minha mente, em meados dos anos 90. Com o tempo, essas sementes germinaram e renderam frutos suculentos como Yo La Tengo, Meat Puppets, Supergrass e Pelvs. No entanto, o mais marcante, cuja entonação ainda recordo claramente, exatamente como o Reverendo a pronunciava, foi Pavement, liderado pela genialidade de Stephen Malkmus. Hoje, três décadas depois, é impossível pensar na minha identidade cultural e, até mesmo, na minha formação como indivíduo, sem os direcionamentos musicais do mestre. A você, querido Massari, um brinde e meu eterno agradecimento.
Fabiano Miranda (Headbanger News)

Difícil explicar a importância do Massari como uma das pessoas que certamente foi influente demais na minha formação musical, especialmente nos tempos de MTV com Lado B e o Mondo Massari, o período em rádio, que eram aulas… mas lembro bem de algumas bandas que ele apresentou, como o Man Or Astroman?, que virou queridinha geral do pessoal aqui no Brasil. Sou eternamente grato ao reverendo! Longa vida aos bons sons.
Fernando Oliveira (10trax, na Mutante Radio)

Nos anos 90 o programa Lado B apresentado pelo Massari era a missa de domingo na minha casa. O VHS ficava preparado, esperando passar alguma coisa que eu conhecia ou pelo menos tinha ouvido falar. E nessas eu lembro de ver e gravar meio que por engano o clipe de “Precision Auto”, do Superchunk. Não conhecia a banda, mas o clipe passou logo após algum que eu gostava e estava gravando na minha fitinha de clipes (que a gente estudava a até a morte no resto da semana). E não tem como não ficar maluco com aquela intro de guitarras em cima de uma batida punk/hardcore. Na mesma semana fui atrás do disco deles na Galeria do Rock e com certeza, pra mim, eles são uma das melhores bandas que conseguiu juntar o punk com o rock alternativo. Obrigado Massari, você foi um cara essencial pra formação musical da minha família toda!
Fernando Sanches (El Rocha/ O Inimigo)

A primeira vez que eu ouvi Death Valley 69 do Sonic Youth foi no Rock Report, da 89fm, provavelmente em 1990. Mas eu já conhecia a banda na época, tinha acabado de conhecer com o lançamento do Goo. Se não me engano ouvi faixas do Daydream Nation naquele mesmo programa, então o impacto foi um pouco menor. Mas a banda que conheci pelo Massari, e aí foi no Lado B, e que causou um sacode enorme, foi o Medicine. Lembro bem de assistir ao vídeo de Never Click, do disco The Buried Life, apresentado por ele, em algum momento entre 92 e 93. Era um negócio tão fora do padrão do ponto de vista estético, pelo menos pra aquele momento, que toda vez que eu ouço a música até hoje parece eu volto naquele momento, e que eu descubro  um negócio diferente nela. Era impressionante que a gente pudesse ver e ouvir algo como aquilo, talvez meses depois de ter sido lançado lá fora, em uma tv no Brasil, numa madrugada de quarta-feira. Algo que a gente não consegue dimensionar hoje porque a internet tornou tudo muito próximo e imediato, mas no começo dos anos 90 era um milagre.
Filipe Albuquerque (Duelectrum)

Quando finalmente meus pais colocaram DirecTV em casa (que, junto com a internet, salvou minha vida), a MTV reinava na TV de tubo. E, claro, o Lado B do Massari era o programa mais incrível pra conhecer bandas novas (ou não) e ouvir tudo aquilo que não fazia parte do mainstream. A música que mais me lembra essa época, e que provavelmente eu conheci graças a ele, é “Dirty Boots”, do Sonic Youth. O clipe, o riff, a vibe e as roupas da galera, a banda tocando no palco… tudo me lembra os anos 90 e o Massari. E por isso a ele sou eternamente grato. Tenho certeza de que a vida de muita gente não seria a mesma sem o programa e sem o Massari.
Flávio Seixlack (Dōmo Bar)

Os dois programas que eu mais assistia na gloriosa MTV eram o Fúria Metal e o Lado B. Mais de 30 anos passaram e as memórias de onde eu conheci novas bandas meio que se misturam, mas eu lembro bem do Massari apresentando o clipe de “Bruise Violet”, do álbum Fontanelle, das Babes in Toyland. Além do som, clipe e da banda, isso me marcou porque acho que foi ali que eu entendi a proposta do programa. Foi tipo ‘Ah, beleza, L7 é Lado A e Babes é Lado B’.
Fernando Vellozo (Huey / 23:13)

Ao longo desses 40 anos que conheço o Massari ele me apresentou a vários sons que amo até hoje! Sacred Miracle Cave, Marlene Kuntz, Birthday Party, Diamanda Galás, Noir Désir e tantas outras bandas sensacionais. Mas a que mais me marcou na época foi sem dúvida Screaming Trees, com o disco Uncle Anesthesia. Lembro exatamente quando ele colocou “Beyond this Horizon” no vinil e me disse: “acho que você vai gostar dessa aqui”! A voz grave de Mark Lanegan teve um impacto imediato nos meus ouvidos e por um bom tempo tornou-se minha banda favorita.
Gastão Moreira (Kazagastão)

Eu esperava loucamente pelo extinto Lado B, programa da antiga MTV pra ver o Suede. O clipe da “Animal Nitrate”, com o cara usando uma máscara de porco, tudo meio roxo e um clima chuvoso. Valia a pena!!! Conheci o Suede ai!
Giuliano Belloni (The Scream Discos)

Confesso que não me lembro como ou onde foi, mas conheci o Test através de algum texto ou depoimento do Massari. Tinha ouvido falar dos shows espontâneos que eles faziam na rua, abrindo grandes shows, mas foi depois do aval dele que eu fui atrás. Se tornaram uma das minhas bandas favoritas de som pesado.
Guilherme Guedes (Multishow / Canal Bis)

Uma parada muito marcante pra mim é o Juntatribo, que rolou em Campinas. Quando a MTV passou aquilo na televisão foi muito importante. Isso é uma parte da minha vida como artista, músico, essa coisa de acreditar nos sonhos… Pro Brasil e pra nossa geração, esse momento do Juntatribo ali, coroou o teacher no meu coração! Eu não consegui ir no festival. Uns amigos de escola foram e eu só recebi as fitas demo, ouvia as histórias, via as fotos e a hora que passou aquilo na TV eu não acreditava! Era muito o meu universo, um monte de gente da minha idade que tava ali lutando. Todo mundo que tava acontecendo no Brasil, os selos, as bandas, as informações tavam ali. O bagulho foi um sonho. E aí a MTV mostrou issio pro mundão. Tive a oportunidade de assistir isso com o professor e com os meus amiguinhos de classe comentando em tempo real. Foi demais!
Haroldo Paranhos (SHN / Maguerbes)

Confesso que não lembro exatamente o porquê, mas, na minha cabeça, Sonic Youth é um nome que remete ao Fábio Massari. Sei lá se assisti clipe em algum dos programas dele, se ouvi o cara comentar sobre a banda ou se vi o reverendo usando camiseta do conjunto.  Enfim… não me sinto apto a dizer que o grupo que tinha Kim Gordon e Thurston Moore se tornou uma das “preferidas da casa” – parafraseando o homenageado aqui -, mas desde então percebi que tinha algo ali que merecia atenção. E, deveras, tem! Aquela barulheira revestida de apelo pop, volta e meio, reaparece nas minhas lembranças por diferentes razões. E é notória a influência que teve nos desdobramentos do rock desde a última década do século passado – inclusive influenciando gente que admiro. Certamente, um dos seletos integrantes no hall dos bons sons (pegando outra expressão popularizada pelo Massari). Gracias, Massa!
Homero Pivotto Jr. (Diokane)

Entre os muitos aspectos dignos de admiração na figura do mestre Massari, um que sempre me chamou a atenção é o respeito e carinho com que ele trata artistas nacionais desconhecidos do grande público – sem qualquer traço de viralatismo ou fascínio maior com o que é estrangeiro. Me lembro de dois casos em que ele trouxe ao meu conhecimento, através dos seus programas na MTV, personagens do subterrâneo musical brasileiro que acabariam sendo importantes na minha formação: os nomes do elenco da Midsummer Madness (o primeiro desses sendo o Pelvs, através de quem conheci o Cigarettes, meu preferido dessa turma) e o Devotos, então Devotos do Ódio, cujo álbum de estreia talvez é um marco do rock nacional do fim dos anos 90. Figura única, de importância imensurável. Longa vida, Massari!
Jair Naves (Ludovic)

O Lado B com o Massari foi uma grande influência na vida. Porque por mais que a MTV fosse um canal de música, não era em qualquer horário que você ia ver um clipe do Sonic Youth, Superchunk ou Teeeeeeenage Fanclub. Então era um espaço muito importante pra gente ter notícias da cena alternativa internacional (EUA/Europa) e também do Brasil e nossas Guitar Bands, não só com os clipes, mas com informações de lançamentos, com entrevistas, reportagens de festivais. Aí uma entrevista do coração para mim, foi a do L7. Tinha toda a importância de ser feita aqui no Brasil mesmo, no contexto do grande marco que foi o Hollywood Rock do grunge de 93. Tipo, elas estavam na minha cidade! Gravei numa VHS e ficava assistindo direto, elas ali com toda aquela ironia iconoclasta característica, falando do cenário que tentava ser meio underground de mentira, imitando os lugares onde elas realmente viviam, só que bem mais limpinho. Maravilhoso.
Juliana Lellis (Lōtico)

Fábio Massari ao lado de Kid Vinil foram os caras com quem eu mais aprendi assistindo a televisão. Nas madrugadas da MTV conheci muitas coisas apresentadas pelo Reverendo. Uma das que mais me marcaram foi o clip One Minute Movies da banda The Residents. Eu chapei, parecia o som mais freak e esquisito do mundo, os membros da banda com máscaras de olhos gigantes, extraterrestres, manifestações paranormais. Me fez sentir uma sensação audiovisual inédita. Obrigado Massari por nos mostrar tantos mundos.
Kiko Dinucci (Metá Metá)

Ouvi muitas das minhas bandas preferidas pela primeira vez em algum programa apresentado pelo Massari na MTV. Mas tem um caso que considero especial. Quando comecei a ouvir música pra valer, em meados dos anos 90, as bandas de Seattle eram as minhas favoritas, embora o auge comercial delas já tivesse passado. E quanto mais eu via entrevistas do Nirvana e outros artistas citando o Mudhoney, mais curiosidade eu tinha de conhecer o som de Mark Arm e companhia. O problema é que, naquela época, a internet  ainda dava seus primeiros passos, e não era tão fácil encontrar CDs da banda nas lojas da minha cidade. Então, a curiosidade continuou por algum tempo — até o dia em que o Reverendo tocou o clipe de “Here Comes Sickness”, do álbum homônimo do Mudhoney, de 1989, no Lado B. Alguns anos depois, um amigo que foi fazer intercâmbio no Canadá me trouxe o CD. Mas é inesquecível: a primeira vez em que ouvi Mudhoney  — uma das minhas bandas favoritas até hoje e que tive a oportunidade de entrevistar duas vezes — foi graças a Fabio Massari.
Leonardo Tissot (Scream&Yell)

Um aluno meu do fundamental 2 chegou na aula empolgadíssimo para me contar que tinha conhecido Nirvana, Foo Fighters, entre outras bandas “antigas” que eu certamente já deveria conhecer. Sua empolgação me remeteu à Liege que, também no ensino fundamental, descobria bandas novas com o mesmo entusiasmo e brilho nos olhos. E já saía a catar amigos para montar sua primeira banda. Naquela época, eu nem computador tinha, e quem nos apresentava as novidades eram a rádio e a MTV. Não fosse o Lado B do reverendo Massari, talvez eu jamais tivesse conhecido bandas como Pixies, Superchunk, My Bloody Valentine, Hazel, Husker Dü… O lance é que a gente via na TV, e passava um tempão sem ouvir de novo…mas as bandas ficavam lá guardadas na memória até que, anos mais tarde, a gente tivesse contato com um disco, um cd ou uma fita de um amigo. Esse era nosso “botão de share”, e certeza que muitos amigos também passaram por isso. Então eu contei para o aluno que tinha assistido ao clipe de Everlong, do Foo Fighters, num programa de TV incrível chamado Lado B, na MTV Brasil. “Tinha que botar um bombril na antena pra minha tela ficar sem chuviscos”, eu disse. E ele, estupefato: “Bah, que mão, sôra!!” (“que trabalheira, professora!”). E eu fechei com: “É…era difícil,  nem se compara a hoje…. mas valia e valeu, no pretérito imperfeito e perfeito, muito a pena!”
Liege Leite (Medialunas)

Massari foi o responsável por eu conhecer visualmente quase que todas as minhas maiores influências musicais nos anos 90 e início de 2000. Numa época em que a gente até conhecia a banda, mas não tinha acesso à imagem dos artistas. E foi no Lado B que eu pude encontrar os clipes das minhas bandas prediletas e finalmente ver o rostinho de cada um. Fora isso, assisti pela primeira vez videoclipes como o memorável e genial “Bastards Of Young” onde o clipe inteiro é um plano subjetivo em uma caixa de som de uma vitrola rolando Replacements e um tanto de outros personagens e suas histórias, selos e gravadoras. Mas uma banda que o Massari apresentou e que na época me marcou demais foi Ween, com “Push th’ Little Daisies”. O que era aquela figura com voz super aguda se contorcendo todo para a câmera? E aqueles planos meio Nouvelle Vague com situações cotidianas em PB com personagens pra lá de esquisitos? Eu amei! Logo fui atrás pra conhecer mais sons da banda e me apaixonei. Obrigada pelo legado, Massari! Feliz aniversário!
Ligia Murakawa (Giant Love)

Conheci o trabalho do Fabio Massari, claro, pela MTV. Eu sempre aguardava ansioso pelos programas dele, que traziam tantas novidades. Ele falava sobre música com uma intimidade e autoridade que vinham das incontáveis viagens e pesquisas que ele fazia. Quando ele lançou o livro Rumo a Estação Islândia, fiquei muito interessado, não só pela música islandesa, mas também pela cultura e os costumes daquela pequena ilha. Isso me inspirou a viajar para a Islândia no meu aniversário. Lá, explorei algumas lojas de discos, muito graças ao guia que o Massari deixou no livro. Anos depois, tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente durante um encontro de trabalho entre a editora Terreno Estranho com o Lee Ranaldo, do Sonic Youth, do qual trabalhamos juntos. Foi uma tarde cheia de histórias e aprendizados entre dois grandes comunicadores que marcaram gerações em diferentes cantos.
Luciano Valério (Desmonta/ MNTH)

Abertura do programa Lado B, exibido na MTV na década de 90

Lembro que tinha 14/15 anos, estava ainda me introduzindo ao rock, em uma conversa com um amigo mais velho comentei orgulhoso que tinha conhecido uma banda nova de “grunge” chamada Smashing Pumpkins, ele simplesmente começou a rir da minha cara dizendo “Cara, Smashing Pumpkins não é Grunge, é GUITAR BAND” foi a primeira vez que escutei esse termo na vida e não entendi absolutamente nada mas pedi para ele me falar mais bandas assim, então ele me indicou para começar assistir um tal de Lado B na MTV com o Fabio Massari que ia entender. E foi assim tomando uma carteirada de um amigo que tive oportunidade de conhecer Reverendo Massari e como ele se tornou uma influência direta para mim em conhecer e pesquisar cada vez mais novas bandas, até hoje.
Luiz Alcamin (Mosh Digiart)

Lembro que a primeira vez que ouvi falar de Fabio Massari foi através de amigos que diziam que seus programas na MTV eram os melhores para conhecer bandas diferentes e fora do comum. Infelizmente, eu não tinha acesso fácil à MTV, mas sempre que possível, assistia à programação na casa de amigos e foi quando tive contato com as indicações de Massari e conheci bandas como o Weezer, que marcava presença constante no Lado B e que eu adoro até hoje e sigo acompanhando os lançamentos e colecionando os discos. Desde então, Massari se tornou uma referência no jornalismo musical para mim. Em suas participações recentes no canal Kazagastão, criado por Gastão Moreira, outro gigante do jornalismo musical, Fabio Massari compartilhou sua lista de lançamentos favoritos de 2023. Dentre os nomes citados, o reverendo indicou o excelente disco Matéria, da banda de pós-punk Opake. Um álbum que me passaria despercebido se não fosse a indicação do grande Massari, reforçando a importância da curadoria de quem entende e está antenado na cena musical em meio a tanta informação. Sigo ouvindo o trabalho mais recente do Pink Opake desde então, mostrando que o pós-punk nacional está muito bem representado. Vida longa ao reverendo Fabio Massari.
Luiz Antonio (Belas Letras)

Apesar de sempre ter visto e aprendido muita coisa com o Massari na MTV (cresci no interior e felizmente a MTV fazia parte da TV aberta lá), acabei escolhendo uma descoberta que aconteceu por linhas tortas. No caso, um texto dele na Rolling Stone, em uma coluna/espaço chamada Mondo Massari, sobre o Russian Circles. Era uma resenha do “Station” (2008), segundo disco do trio de Chicago, o primeiro com o Brian Cook (Botch) no baixo e o meu favorito deles até hoje. Na época, já conhecia a banda de nome por causa do Pelican, mas confesso que ainda não tinha escutado, o que fiz correndo depois de ler o texto. Alguns anos mais tarde rolou um daqueles felizes fechamentos de ciclo, quando pude entrevistar o próprio Brian Cook para o meu primeiro livro, “Nós Somos a Tempestade”, que foi lançado há exatos 10 anos pelo selo Mondo Massari na saudosa Edições Ideal.
Luiz Mazetto (autor dos livros Nós Somos A Tempestade I e II)

O Massari, pra mim, é um professor, amigo, de uma certa forma o irmão mais velho que inspira. Eu venho de uma família cristã e desde pequeno eu me identificava como alguém que não era como todo mundo. Na escola, quando todos queriam jogar bola, eu queria ter uma guitarra, saber dançar break, era moleque descobrindo o skate, o hip hop e o punk. Dentro do espectro roqueiro e diferentão, meu ídolo na TV era o Kid Vinil, e ele fez muita diferença pra que eu fosse pro rádio, que tinha programas inteiros dedicados pro rock. Foi com o Kid Vinil, no rádio, que eu descobri o Massari, no programa Rock Report. A forma como ele conversava com a galera era muito amigável. Na transição do skate punk para o skate indie – o que na época a gente chamava de rock alternativo ou guitar – o Massari tem um papel muito importante, com a virada de chavinha que veio com o grunge. Sonic Youth, Dinosaur Jr, Matador, Sub Pop… quem conversava comigo (por meio do Lado B) sobre isso era o Massari. Sou um cara realmente abençoado de ter me tornado amigo dos meus maiores ídolos. Uma das minhas maiores alegrias é que ele aparece no primeiro clipe do Twinpines, interpretando um radialista que apresenta a banda.
Magoo (Twinpines)

De Afghan Whigs à John Zorn, passando por Melvins, Nick Cave, e Young Gods. Talvez seja mais fácil lembrar quais bandas ou artistas que gosto e que não me foram apresentadas pelo nosso homenageado. Entre as incontáveis, se for pra citar apenas uma que me marcou, devo dizer que é PJ Harvey, com o vídeo de “Sheela Na Gig”, através do saudoso Lado B na extinta MTV. Fiquei enfeitiçado na hora, e alguns dos seus discos seguintes (Rid of Me e Stories From The City…) estão entre os prediletos da casa. Parabéns, e obrigado por tudo, professor e amigo. Salve, 20.09.64! Salve, Reverendo Fabio Massari!
Marcelo Cordeiro (Loud Love Vinyl)

Foto: Divulgação

O sinal da MTV raramente chegava na minha casa em Taubaté, e nas raras oportunidades que eu a assistia, Massari sempre me chamava a atenção. Eu sabia do Lado B, mas cheguei a muitas daquelas bandas por outros caminhos. Porém, fui mesmo ser um fiel seguidor do Reverendo lendo suas colunas geniais e fora da curva na saudosa General e, depois, seus livros. Consigo sentir agora o sabor de ler Estação Islândia pela primeira vez sem conhecer nenhuma daquelas bandas, mas amando a narrativa, as histórias, as descrições – eu ia anotando vários nomes pra procurar até perceber que eu teria que anotar o livro todo. Ainda assim, se fosse para definir apenas um nome seria… Frank Zappa. Se tenho mais de 30 discos do Zappa em casa (o que é praticamente nada para um zappofilo), o mérito é todo do Detritos Cósmicos e das n vezes que li ou vi o Massari falar do cara. Toda vez que eu o ouço, sinto que o Massari está por perto curtindo também (o que não deixa de ser verdade, já que somos quaaaaaase vizinhos – risos)… Massari e Zappa, que dupla.
Marcelo Costa (Scream&Yell)

Vou falar de um disco que o Massari provavelmente nem se lembra. O primeiro, autointitulado e único álbum da banda nova-iorquina Fossil. Cheguei no disco depois de ver o clipe de “Moon” no Lado B, em 1995. Com produção de gravadora grande, esse debut oferece um indie rock rebuscado e cativante. Além do (quase) hit “Moon”, destaco as pérolas “Martyr’s Wife” e “Molly”. Fiquei fascinado pelo CD – que não está disponível no streaming – desde o dia em que o comprei, na Galeria do Rock, no mesmo ano em que o Massari apresentou o clipe na tevê. As músicas desse álbum serviram de trilha sonora para um período muito legal da minha vida. Poderia dar outras dezenas de exemplos de dicas sonoras do Reverendo, buscando na memória desde a época da 89, passando pela MTV e tal, mas achei curioso falar de uma banda que sumiu. Que nunca aconteceu de fato, mas que deixou uma marca aqui. Quis o destino que, depois de tanto ver e ouvir o Massari compartilhando os “bons sons” por aí, eu tivesse a honra de me tornar editor dos livros dele. E, nesse processo, ter um acesso privilegiado/antecipado às “prediletas da casa”. Que sorte a minha.
Marcelo Viegas (Editor de livros, vocalista do 93 Foundation e pai do Milo)

Um disco ou uma banda podem transformar nossa perspectiva e abrir portas para novos mundos musicais. Para mim, isso sempre acontecia após uma recomendação de Fabio Massari. O Reverendo, como ficou conhecido na gloriosa MTV Brasil, já era o Fabio Massari do Rock Report da 89 que imprimia sua personalidade e jargões em suas resenhas. Era 1993! Fui à banca no centrão de Guarulhos pegar o meu exemplar da Bizz. Já no ônibus fui degustando a revista, especialmente a seção que mais me interessava: As indicações e resenhas de discos. De cara fiquei impressionado com a capa psicodélica do Hit to Death in the Future Head, dos Flaming Lips. Com sua simpatia e empatia belas bandas, a resenha do Massari fez com que eu ficasse ansioso, curioso e desesperado para ouvir o álbum. Quinze dias depois, fui à Galeria Presidente, na minha loja predileta, a Velvet CDs, buscar a encomenda feita por telefone. Em casa, coloquei o CD na disqueteira e imediatamente peguei a Bizz para revisitar a resenha enquanto ouvia o disco. A definição foi perfeita; a chuva de sapos em “Frogs” foi inesquecível. Valeu, Reverendo, por me apresentar à psicodelia ácida e à melhor versão dos Lábios Flamejantes de Oklahoma, assim como você nos ensinou a chamá-los.
Nilson Paes (Editora Terreno Estranho)

Me formei súdito no seminário do templo MTV na época que a TV ficava ligada tarde da noite em casa. Numa daquelas madrugadas, ele contou sobre uma conversa informal que teve com o baterista do Nirvana, quando vieram se apresentar por aqui em 1993. Sempre atrás da novidade, o reverendo perguntou pro Dave Grohl o que ele andava ouvindo: “Kyuss”. O clipe que rolou na sequência foi “Green Machine”. Fiquei de cara com a imagem ambientada no deserto, aquele som grave e arrastado que me pareceu tão original quanto o termo stoner rock. Levou muito tempo até eu conseguir escutar a “banda do Josh Homme” de novo, mas sempre associei a descoberta do Kyuss ao Massari. Hoje é muito legal ser conhecido próximo do cara. Eterno ídolo. Vida longa ao reverendo!
Otavio Souza (fotógrafo/ diretor do filme Time Will Burn)

Das muitas e muitas coisas que o Massari nos mostrou ao longo dos anos, vou ficar com uma lembrança do começo da MTV, quando ele foi entrevistar as bandas do Juntatribo. O festival, que rolou em Campinas em 93 e 94, foi um marco para as bandas independentes brasileiras dos anos 90. O fato da MTV, mesmo sendo uma filial da matriz estadunidense, registrar esse momento, gravando os shows e abrindo espaço para as bandas falarem, mostrou que havia um esforço para, de alguma forma, incentivar a cena local. E o papel dele, de jornalista interessado e bem informado, fazendo perguntas além do óbvio, deu credibilidade para o canal. Lembro dele visivelmente empolgado com aquela cobertura. Eu era moleque e pude ver, pela primeira vez, bandas que eu conhecia só de nome ou só de fita demo, falarem e mostrarem um pouco do seu som com uma visibilidade que não existia antes. Duas bandas que marcaram essa época pra mim foram Resist Control e o Killing Chainsaw. Esse tipo de inciativa me fez enxergar a MTV como um espaço a ser ocupado também por bandas underground, o que era muito, mas muito, raro na época. E o Massari foi fundamental nisso.
Pablo Mena (Questions)

Até o comecinho dos anos 90, quando a MTV Brasil foi para o ar, rolava uma coisa difícil de explicar para os jovens de hoje. Você “conhecia” uma banda lendo sobre ela na na Bizz ou nos jornais musicais ingleses e “inventava” o som dela na cabeça. Quem como eu tinha 12 anos quando a MTV foi ao ar e era nerd de som sozinho, sem a ajuda de irmãos ou vizinhos mais velhos, tinha que passar meses ou até anos “ouvindo” um artista mentalmente como uma espécie de amigo imaginário, a partir de uma foto ou resenha. De vez em quando você conseguia pedir para rolar um pouco de algo numa loja de discos mais simpática, mas era isso. Até que veio a programação da madrugada da MTV, capitaneada pelo Fabio Massari e seu programa, o Lado B. A gente finalmente conseguia comparar nossa imaginação com a realidade. Ele abriu um portal para todo um novo universo. Fiquei obcecado por tudo que rolava na época, bandas da sub pop, madchester, shoegaze, etc… mas acho que a banda que mais me pegou foi o Ride. Como tudo que havia de mais legais da época, eles eram jovens, tinham guitarras Rickenbacker e um visual meio 60’s, meio moderno. Vendo as fotos eu imaginava que soariam como algo entre o Stone Roses e o Jesus & Mary Chain, ambos com discos lançados por aqui. E vendo no Lado B eu constatei que era meio isso mesmo. O Massari apresentou os clipes de “Chelsea Girl” e “Like a Daydream” e eles viraram imediatamente, e até hoje, minha banda inglesa favorita dessa era. Eram melhores ainda do que na minha imaginação. Alguns anos atrás o Ride voltou a tocar e fez um dos melhores shows da minha vida em São Paulo. Altíssimo, psicodélico, emocionalmente intenso e muito real. Chorei na rampa e agradeci mentalmente ao Fábio Massari por aquelas madrugadas de curadoria que me matavam minha sede naquele deserto que era o Brasil pre-internet.
Pedro Carvalho (Dente Canino/ Futuro/ I Shot Cyrus)

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O Reverendo Massari foi quem chamou minha atenção para a obra de Itamar Assumpção. não consigo dizer efetivamente onde foi que o li falando de Itamar, mas ele apontou como um de seus artistas favoritos, ao lado, é claro, de Frank Zappa. eu não conhecia absolutamente nada! ao me aventurar na discografia, acabei me tornando fã. e aí é massa que a coisa vira um ciclo, né? fui atrás daquela cena chamada vanguarda paulista, de onde Itamar despontou. uma coisa leva a outra. e tudo começou com o Massari.
Queco (Papangu)

Falar sobre o Massari é falar sobre integridade artística e uma busca pelo que não está iluminado por grandes holofotes da mídia. Massari foi e continua sendo um dos professores que me ensinaram a cavar, curioso, na procura de tesouros musicais e a valorizar cada detalhe sobre o grande e escondido universo da música independente. Devo muito a ele ao que sou hoje e ao modo como penso e produzo música e arte.
Rael Brian (Decurso Drama)

Lembro de ter visto o lançamento do primeiro vídeo do Sigur Ros no programa dele na MTV (em 1999) e, além de ter ficado em choque, pensado na audácia de se fazer uma coisa dessas em horário nobre na TV. A curadoria do Massari ali era 10 passos a frente do que a gente estava acostumado.
Rafa Nascimento (Type designer)

Quando do convite mais do que especial do Vina e da Amanda acerca sobre conhecer algo via Reverendo Massari, obviamente que aceitei na hora, afinal a influência do cara no que tange a moldar meu gosto sonoro pessoal é gigantesca, e pensei comigo, vai ser moleza, mas logo depois caiu a ficha, e agora, o que eu cito como a mais representativa? Pensei e confabulei comigo mesmo e vieram uma série de opções, talvez Buffalo Tom, quando rolaram três canções do Birdbrain, no Rock Report, ou algum espécime italiano do post punk que eu só poderia ter o apego que tenho por influência do Mestre, mas daí veio o lampejo final… “Red Sun”, do grande Thin White Rope, e o porque? Simples, desde a primeira edição do Rock Report, que diga-se, acompanhei do primeiro episódio ao término, aquela rifferama da abertura do programa me pegou logo de cara, e digo mais, como saber o que era, porque não havia menção ou referência, sei que depois de algum tempo, o Massari revelou quem eram os responsáveis por guitarrada destruidora, óbvio que depois disso virei um admirador imenso do genial Guy Kiser e seu grandioso Thin White Rope.
Renato Malizia (VOS 011)

Massa aka Reverendo aka Massacre aka Salamandra aka Vovô… são várias as alcunhas do mano nascido Fabio Massari. Como nada nesse mundo é coincidência, suas iniciais, FM, também definem as frequências moduladas das ondas de rádio, através das quais ele alcançou meu ouvido. Corta p/ 1994, metade exata do seu caminho até aqui. Quando me tornei colega de trabalho dele, já tinha curtido muita coisa q o lendário Lado B levou ao ar.Mas foi num ritual de iniciação não declarado q o negócio se tornou pessoal. A turma toda do departamento se espantou quando fui convidado, pouco depois de engrenar no emprego, para uma das semi-secretas sessões digestivas no Vesúvio. Pois bem, nessa oportunidade, sabendo do meu amor pelo Funkadelic, Fabio me falou sobre a fase fonkay do seu favorito Frank Zappa. Apresentou George Duke a um devoto de George Clinton. E clicou nossa camaradagem, que continua, cada vez mais, como o balanço do baixo do Bootsy.
Rodrigo Brandão (Gorilla Urbano)

Fabio Massari é responsável pelo meu arrebatamento diante do trabalho de, pelo menos, três artistas: PJ Harvey, Gallon Drunk e Tindersticks. Lembro das estreias no “Lado B”, da antiga MTV Brasil, de “Dress” e “Sheela-Na-Gig”, “Some Fool’s Mess” e “City Sickness”, videoclipes promocionais de álbuns lançados, respectivamente, pela turma em 1992 e 1993, acrescidos dos comentários sempre oportunos do reverendo. Para além do norte estético, à distância, o comunicador atuou de maneira efetiva, bastante próxima, na minha trajetória artística. Atos de generosidade, pautados pelo rigor de quem domina os riscados, que fizeram – e fazem – absoluta diferença. Já tive oportunidade de agradecê-lo pessoalmente e nos dizeres impressos em páginas de livro. Reitero isso agora neste especial dedicado ao novíssimo sexagenário da praça. Saudações virginianas ao caro amigo.
(Rodrigo Carneiro – autor dos livros Barítono e Afetos Sísmicos; e vocalista do Mickey Junkies)

Pra minha geração, que passou a maior parte da juventude com a cara grudada na tela da MTV, assistir ao Lado B com o “reverendo” Fábio Massari, era uma verdadeira aula de boa música. Com seu jeitão de professor dos bons sons, sempre nos trazia o que rolava de mais legal na música indie mundial. E foi assim, que em um desses programas, que eu conheci uma das minhas bandas prediletas. Massari, com seu bordão já famoso, anunciou: “Diretamente de Boston, Massachusetts, são eles, Buffalo Tom”.
Rodrigo Koala (Hateen)

Acho que ao invés de falar aqui de bandas que ele me apresentou, que foram inúmeras, vou falar que talvez a coisa mais importante que ele fez foi chancelar algo que a cultura do skate já havia me mostrado: que eu não precisava segmentar o meu gosto musical, que eu podia gostar de Public Enemy e do Cólera, que eu não tinha que ouvir só rap, metal ou punk. Eu podia ouvir de tudo. E gostar do Husker Du, Slayer, Sepultura, Minutemen, e por aí vai. Demorou muito para que eu o conhecesse pessoalmente, e o mais curioso é que, há não muito tempo, nos encontramos em um show, e uma das perguntas que ele me fez foi se eu estava ouvindo muito Frank Zappa. Eu achei aquilo uma grande viagem, porque foi justamente ele, lá naquela época, que fez com que eu me interessasse por Zappa. Coincidentemente eu estava numa fase Roxy & Elsewhere, e o assunto rendeu bastante. “Massari” deveria ser incluído no vernáculo como adjetivo: que ou quem conhece – e gosta – muito de música. Feliz aniversário, vida longa e muita música para você, Reverendo Fabio Massari. Viva!
Rodrigo Tucano (Bufo Borealis/ Edgard Scandurra)

O ano era 94, pós-grunge e lembro como se fosse hoje. Eu tinha uma pequena tv do Paraguai que pegava VHF e assistia o Lado B na madrugada com o Mestre Massari e depois dava um jeito de chegar no centro para ir ao Retrô ou no Der Temple. Em uma noite, após um vídeo do Flaming Lips, ou melhor “os lábios flamejantes de Oklahoma”, entrou a porra de um som foda de uma banda nova, chamada DECONSTRUCTION. Simplesmente era o David Navarro, Eric Avery (Jane’s Addiction) + Michael Murph (Rain Parade/ Dream 6). Aquilo pegou na veia! Vocal grave e foda do baixista do Jane’s com as guitarras rasgadas do Navarro. A música era LA Song. No outro dia eu estava na Zeitgeist encomendando um CD deles da gringa. Infelizmente nunca saiu em vinil. Quem sabe agora, com a treta do Jane’s, eles não resolvem isso voltando! Obrigado, Fábio Massari, pelos sons alcançados. Parabéns!
Rogério “Cebola” (Bolor SP)

Eu dava aula de informática e trampava num estacionamento, mas eu tava de saco cheio. Até ganhava uma grana, mas não era feliz. Uma vez eu passei na frente do Objetivo, na Av.Paulista, e tava rolando teste vocacional. Fiz essa porra e saiu tradutor/intérprete, relações públicas e radialista. Larguei tudo na hora e fui estudar rádio e tv por causa do Massari. Ele simplesmente falava, sem precisar empostar a voz e também nem parecia que lia um texto. Ele sabia do que tava falando. Eu sempre amei falar de música e quis ser aquele cara que foi da 89 FM e que era do Lado B. Acho que consegui chegar perto. Obrigado professor!
Thiago DJ (89FM)

Nas noites insones depois da aula no colegial dos anos 90, eu me fechava no quarto, ligava a MTV e assistia ao LADO B. Facilmente me vem à mente Bjork, Sugarcubes, Dinossaur Jr., Weezer, Jane´s Addiction, Porno For Pyros, Mudhoney, Beck, Helmet, Superchunk, Sonic Youth, Sigur Rós, e muito mais. O reverendo me fazia entender a razão dessas bandas alternativas, barulhentas, esquisitas serem tão legais através da sua paixão em apresentá-las e falar a respeito. Era genuíno, tinha pesquisa e entrega pela música ali, e eu era fisgado por isso. Enquanto escrevo, Sugar Kane, do Sonic Youth, está tocando no meu subconsciente. Então, não há dúvida. Sonic Youth é culpa do Massari e Sugar Kane é um dos hinos eternos daquele Ulisses adolescente perdido que vive comigo até hoje. Há uns anos tive a oportunidade de encontrar o Massari num festival e consegui agradecê-lo pessoalmente pela grande importância no meu caráter artístico e musical. Eu tava com a camiseta do Pallbearer e depois que o agradeci, ele olhou pra minha camiseta e disse “você continua ouvindo coisa boa, isso que importa!”. Vida longa professor! Obrigado!
Ulisses (Beaufort)

O Massari sempre foi uma entidade nos bastidores da MTV. Tive a oportunidade de trabalhar diretamente com ele em uma temporada do Lado B, que eu dirigia. Sempre achei incrível a fluência e a desenvoltura diante das câmeras. O Reverendo, como ficou conhecido, é um mestre da comunicação e criador de bordões inesquecíveis como “uma das prediletas da casa” ou “o submundo dos bons sons”. Sempre foi muito fácil trabalhar com ele. Com algumas poucas informações ele sempre criava um texto espontâneo, rápido e cativante. De vez em quando conversávamos sobre música, festivais, shows, livros, e bandas Islandesas como o Múm, Bellatrix, e outras que ele me apresentou, mas foi recentemente que aconteceu uma aproximação maior. Anos depois, longe do ambiente profissional e com a maturidade que os 60 anos nos traz, conheci uma outra face, ainda mais generosa. Tivemos algumas conversas ótimas, ele me convenceu a escrever um livro, coisa que aliás ele também faz com maestria, e agora só falta mesmo aquele café que a gente sempre marca e nunca acontece. Mas temos tempo de sobra pra isso. O Massari é um jovem de 60 anos, que como sempre ainda nos surpreenderá com seus livros, projetos, curadorias, sua observação aguda da contemporaneidade e a inspiração que tudo isso nos causa.
Zé Antonio Algodoal (PinUps)